Ciganos e gajos
Não tenho vontade de escrever porque digo o mesmo que todos os outros e a falta de originalidade é patética. Patética e vazia.
do blogue Defender o Quadrado
Faço minhas, com a devida vénia, estas palavras sobre palavras, palavras, palavras que poderia aqui escrever(ou que tenho escrito) e que outros já escreveram até com mais arte e propriedade. Por isso recupero um texto que escrevi há tempos sobre ciganos, uma minoria em vias de extinção, ou talvez não. Também não sei se terá originalidade. Quem ler que decida.
Hoje vou escrever sobre ciganos. Sobre os que vivem do rendimento mínimo e sobre os que vivem do rendimento máximo. Espero não ser questionado pelos primeiros porque não sabem ler, por falta de escola, nem pelos segundos porque só lêem números.
Os ciganos autênticos (ou da bayer se fossem aspirinas), os rom cuja origem se perde no fundo dos tempos, sempre tiveram utilidade nas comunidades onde se instalaram, ou assustando criancinhas para comer a sopa ou criando outelets em movimento, onde podemos adquirir camisolas do crocodilo ou cassetes de música variada a preços de contrafacção. Ao fim e ao cabo nem são muito exigentes. O máximo que pedem é uma casinha com rendimento mínimo dentro.
Os gadjos, ciganos comportamentais, são mil vezes mais preocupantes. Vendem a sua e a nossa alma ao diabo, chupam-nos o sangue com mais regularidade e descaramento que os vampiros do cinema, comem-nos a carne e até os ossos nos roem como cães esfaimados. Alguns ciganos de rendimento máximo perpetuam-se há gerações e atravessam regimes, ideologias e têm alguma nobreza. São os Melo, os Espirito Santo, os Burnay,os Roquete.... Outros têm ascendência humilde, são émulos do lado negro do 25 de Abril, filhos putativos de uma democracia mal parida. Usam nomes sem pergaminhos como , Vara, Loureiro, Gomes, Coelho, mercados....
E nós? Como diz o ditado, de cigano e de louco todos temos um pouco? Ostracizamos o rendimento mínimo, mas pagamos. Odiamos a corrupção, mas pagamos. E alguém pode dizer desta água não beberei? Fazer o quê? Mudar a natureza humana?
MG