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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

vermelhos.net

 

Salazar governou Portugal durante longas quatro décadas. Chegou ao poder de forma antidemocrática e impôs ao arrepio dos direitos políticos  e humanos dos povos uma férrea ditadura. Numa análise fria e distante da sua governação, temos que admitir que tomou medidas correctas e incorrectas, na minha opinião mais estas que aquelas. Lembro, a título de exemplo, a insensata e desfasada política colonial. Podemos criticar e até odiar o regime ditatorial que conseguiu manter, com base numa repressão sem limites, mas não podemos apagar a História. Nesta, sempre terá o seu lugar como têm outros de muita má memória. E temos que entender que a sua ascensão e sobrevivência política se encaixa no contexto europeu de regimes totalitários de direita e de esquerda, onde a democracia era excepção.

 

Os homens, mesmo os chamados providenciais, passam e as nações ficam. Neste momento Salazar é passado. Um passado doloroso para muitos, um passado sem futuro para o país, mas passado. Nestes dias tem sido título na comunicação social a transmutação do nome Salazar para a marca Salazar. A ideia ,se percebi, nasceu no município de Santa Comba Dão. Logo se levantou um coro de protestos por este renascimento comercial de Salazar,  e por constituir falta respeito para com os valores democráticos. Não faço essa interpretação. Sinceramente, acho que acaba por ser mais uma desclassificação, bem intencionado, que uma homenagem. Tanto me faz que o nome do poderoso ditador seja transformado em nome de vinho do Dão ou de morcela de porco preto. É igual ao litro. Não "aquenta nem arrefenta" e até faz jus  ao um slogan da sua autoria " beber vinho dá de comer a um milhão de portugueses". E até estou convicto que este nome vende, especialmente nos tempos que correm.  O que me preocupa não é o Oliveira Salazar. Esse já foi. O que me deixa perplexo são os salazarzinhos que por aí andam disfarçados de democratas e alguns com reflexos directos na nossa vida. Não convêm esquecer que mudam-se os tempos, mas os "Salazares" continuam e não é só no rótulo de uma garrafa de vinho.

 

MG

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