Balada da poesia
Em homenagem a Augusto Gil e à sua poesia que me acompanha desde a infância.
Bate bate, simplesmente,
no mais íntimo de mim,
uma força que se sente
com um bater inocente;
mas porque é que bate assim?
É talvez a melodia
que me chama com carinho
e que com grande alegria,
me desperta a fantasia
no chilreio de um passarinho.
Quem bate assim, certamente,
traz a esperança no olhar
e uma vontade premente
e de uma forma diferente
de pôr o mundo a sonhar.
Fui ver. Era a poesia…
que atrevida e gentil,
com bucolismo sorria,
com eterna empatia
nos versos do mestre Gil.
Quando começava o dia
ia comigo pra escola:
os pés na geada fria,
mantinha a minha alegria
dentro da minha sacola.
Bate leve, levemente,
desperta a minha emoção
esqueço a chuva, esqueço a gente
e a poesia somente
aquece o meu coração.
E quando chega a tristeza
bate leve, muito leve.
Abro a porta na certeza
de que ela fica presa
pela balada da neve
E sempre me acompanhou
no meu já longo caminho,
onde sempre me amparou
e nem sequer me deixou
ficar um dia sozinho.
Uma alegria infinita,
uma profunda emoção,
Entra em mim, em mim habita.
Há frio na natureza,
mas não no meu coração.