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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Toda a semana foi de uma banalidade assustadora. Ouvi noticiários até enjoar. Li jornais e revistas para me informar. Vi debates até me cansar. Depois de tudo espremido não sobrou algo original ou até uma ideia interessante. Um autêntico vazio. Nem mesmo as boutades do primeiro-ministro me dão ânimo. Morder a língua com pieguice já deu o que tinha a dar. E aquela triste figura do ministro Gaspar a prestar vassalagem ao ministro das finanças alemão   ( que não devia ter sido divulgada) é tão deprimente que até envergonha os prozacs. Assim como se pode encontrar assunto e inspiração para escrever uma banal crónica?

Resta-me ir até ao Shopping para esquecer a frustração. Vê-se gente atarefada como formigas,  mas a consumir. Vê-se gente feliz a passear a exibir interessantes toilettes. Crise? Qual crise? Ouvem-se conversas cruzadas. Ecoam sons de felicidade aparente. Namoradinhos a destilar ternura. Casais a disfarçar privados desentendimentos. Crianças felizes no seu papel de crianças. Poetas anónimos disfarçados de poetas anónimos (e como se pode descobrir os poetas escondidos em rostos comuns). Troca de olhares castanhos, azuis, verdes à procura de almas gémeas. Lojas, livrarias, livros: centenas de títulos, centenas de autores (à procura da imortalidade) amores, paixões, traições, sonhos, ilusões em quilos de páginas impressas. Curiosos (como eu) à procura de novidades. Leitores sem vergonha (eu nunca) a ler livros sem os comprar. Nem me consigo imaginar sem este mundo.

Às vezes saiu-nos a taluda: cruzamo-nos com famosos das capas das revistas cor de rosa ou dos ecrãs televisivos e logo dizemos em surdina emocionada (somos mestres em indiscrição) “olha ali está  Fátima Lopes” (é uma anorética, na TV parece mais gorda) ou o Fernando Rosas (não parecia tão pequeno (e o meu ego aumenta). O que não aumenta é a qualidade deste texto . Uma semana de banalidades tinha que acabar num domingo de banalidades. Se depois de mais de cem palavras não se consegue dizer nada, é melhor parar e atirar tudo para o lixo. Ou talvez não, para servir de exemplo do que é uma inutilidade.

MG

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