O emplastro
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Ninguém sabe quem é, nem o que faz, nem como vive. Mas quem não o conhece? Que espectador de televisão ainda não lhe passou pela vista aquela figura patusca que se cola aos repórteres televisivos? Com a sua persistência tornou-se figura pública com o epíteto de emplastro.
Mas para além do lendário emplastro temos agora um neoemplastro. Ao contrário do verdadeiro atraído pelas câmaras, são estas que borboteiam à sua volta. Conhecemos-lhe a imagem franzina, a voz pastosa, o discurso monocórdico. O neoemplastro, ao contrário do verdadeiro, causa-nos medo, senão náusea. Não nasceu na cosmopolita cidade do Porto, mas na pacata vila de Manteigas. Correligionários chamam-lhe salazarzinho. Sem nada termos feito para isso e sem o merecermos, colou-se às nossas vidas como uma sanguessuga e está a tirar-nos a alegria de viver. Dizem que o seu criador já não lhe controla os Passos que ele próprio lhe deu. Dizem que o seu irmão principal bateu com as Portas e fugiu para parte incerta. Talvez um dia volte como filho pródigo. O neoemplastro que usa o nome de rei mago, tem a magia de nos adormecer num pesadelo de conformismo sem saída. Acordemos enquanto é tempo, para podermos continuar a apreciar a bonomia do verdadeiro emplastro.
MG