Novo paradigma
O acontecimento que marcará o ano 2012, para além de previsões catastróficas que alimentam a ficção, será a confirmação da China como grande potência mundial. Uma das razões da crise que hoje apoquenta as sociedades ocidentais é a emergência do poder económico do gigante chinês. O paradigma de abundância ocidental construída sobre a apropriação da riqueza de outros continentes acabou. No presente e no futuro a divisão da riqueza tem de ser mais alargada e isso reflectir-se-á no nosso modo de vida. Por outro lado, a criação de um novo mercado na Ásia com milhares de consumidores poderá ser uma oportunidade, se for bem aproveitada pelas economias do ocidente, incluindo a portuguesa. Vejo estes tempos como um período de reajuste da nova realidade económica, tal como já aconteceu noutros períodos da história sem dramas e pessimismos.
Por outro lado, o reconhecimento de que a política neoliberal que governa a Europa, hipotecando seu poder aos especuladores financeiros e à sua exploração, não defende o interesse comum, será uma realidade mais tarde ou mais cedo. Esteve no ano anterior presente nos movimentos ainda ténues de indignados, mas terá tendência a avolumar-se com o desrespeito por direitos adquiridos pelos trabalhadores durante o século passado. O erro de entregar o poder à direita conservadora e revanchista tem de ser corrigido rapidamente, para não se correr o risco de arrastar a Europa para uma catástrofe como outras que já aconteceram. Num contexto de mudança de relações económicas a nível mundial, precisamos de dirigentes de vistas largas e com a convicção de que acima dos interesses dos mercados existem as pessoas.
MG