Apatia perigosa
Tirando os habituais grevistas, sobretudo do sector público. Tirando centenas de jovens indignados. Tirando mais alguns descontentes, o que resta é um país apático, indiferente e acomodado. O discurso oficial, tipo choro da desgraçadinha, convence alguns; a perda de vencimento convence outros; o medo de represálias convence muitos mais.
Mas afinal é ou não certo que o país está endividado? Certamente que sim como muitos outros. E gasta ou não acima das suas possibilidades? Claro que gasta e há muitos séculos, com algumas excepções. Mas tem pago ou não as suas dívidas? De uma forma geral sim. Por outro lado, precisa ou não de produzir mais? Ninguém duvida disso. É necessário ou não baixar as despesas do Estado? É. Mas serão estas e outras razões suficientes para fazer uma colossal e imoral redução dos salários dos que mais precisam? Não são, até porque em vez de ajudarem o país a resolver a situação poderão agravá-la.
Tirando um mundo de economistas, ou serão contabilistas, do deve e haver, sempre dispostos a martelar na tecla do gastar à tripa forra e por consequência na teoria do empobrecimento para compensar, o certo é que nunca se saiu de crises destas com dimensão mundial, sem relançamento da economia e sem atacar as suas raízes especulativas. É como se quisesse curar um doente enfraquecendo-o e engordando o vírus em vez de fortalecer o paciente. O doente enfraquecido acabará por não resistir.
Os cidadãos que foram nos cantos de sereia do PSD do ultra liberalismo, continuam adormecidos por uma dose letal de ignorância. Só isso explica que continuem marchando sonambolicamente em direcção ao abismo e levando consigo o país.
MG