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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

altavolt.blogspot.com

 

As execuções na idade média eram um espectáculo público. O tribunal da inquisição contribuía com o seu poder discricionário para a generalização de condenações que pelo fogo libertavam o mundo de almas pecadoras. Multidões condicionadas assistiam a estes actos de terror com a mesma naturalidade com que batiam com a mão no peito nas missas dominicais.

 

Muita água correu até ao grande oceano do humanismo que extirpou esta barbárie da civilização ocidental, onde se inculcaram-se progressivamente os valores da tolerância e do respeito pela vida humana. E com excepção de alguns períodos revolucionários e transitórios o humanismo ganhou maturidade na mentalidade e na consciência dos cidadãos.

 

Hoje a Inquisição e a sua prática hedionda é condenada até pela própria igreja que a criou. Sabemos que a violência contra cidadãos inocentes ou culpados continua a ser usada como resultado da parte mais negra da natureza humana, especialmente em situações de perseguição e guerra. Acredito que mentes tortuosas ainda se deleitem com tais barbaridades. Mas enoja-me que seja a comunicação social globalizada que leve até ao conforto das nossa casas, em tempo real ou quase, execuções institucionais ou sumárias dos tempos contemporâneos.

 

Refiro especificamente o espectáculo bárbaro e aviltante da execução de Kadafi. Terá sido um ditador sanguinário. Será responsável por muitas mortes. Carregará o sangue de inocentes. Num estado de direito existem formas até mais exemplares de  castigar os criminosos políticos. E se é condenável o acto em si e a passividade a hipocrisia dos políticos mundiais com a democracia ao pé da boca(apenas?), mais condenável é o aproveitamento feito pelas televisões com o intuito de conseguir mais uns pontos de audiência. Porque o acto e a sua divulgação são sinónimo de um retrocesso civilizacional que, paradoxalmente, apenas serve para justificar a continuidade de regimes sanguinários. 

 

MG