O ocaso da cultura
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Num lúcido artigo publicado na revista Única do Expresso, sobre a situação actual, Clara Ferreira Alves, põe o dedo na ferida. Na sua abordagem, chama a atenção para a importância da cultura na matriz das sociedades. Basta recordar o exemplo do Império romano que se desmoronou económica e politicamente mas sobreviveu como projecto cultural que manteve a Europa Unida nos valores civilizacionais que hoje a caracterizam. E depois das derivas autoritárias e do regresso à democracia foi a cultura que deu alma ao projecto de unidade europeu. Foi o período em que o saber ocupou um lugar central, com o debate centrado no conhecimento. Foi o tempo da leitura dos filósofos, dos escritores, das nonas sinfonias, das teorias que podiam melhorar o mundo.
No final do século XX a cultura começa a ser substituída pela economia. A utopia dá lugar ao pragmatismo. O Saber é despromovido pelos "yupis" e pelos gestores. Os valores humanistas dão lugar ao cifrão. A utopia dá azo ao consumismo. Nas escolas desvalorizam-se as humanidades em detrimento do saber técnico sem alma. Pessoa, Camões, Stendhal Tolstoi ,Proudhom, Marx, entre outros são fósseis sem futuro. O resultado é uma geração de políticos incultos e de economistas ignorantes. O resultado é a ascensão de demónios financeiros sem princípios, ditos mercados, que se pautam pela ganância e ausência de humanismo. Isto explica a barafunda em que está mergulhada a economia mundial em que tudo se resume a dívidas, défices, números...mas que, como noutras épocas da história, será ultrapassada, quando a cultura retomar o seu lugar determinante no verdadeiro progresso da humanidade.
MG