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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

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23 Set, 2011

Saudade

 

Em 23 de Setembro de 1973, morre Pablo Neruda poeta, diplomata , político com intervenção cívica por uma sociedade mais justa. Diz-se que morreu de tristeza por não resistir ao fim da primavera democrática e socialista do seu país, esmagada pelas botas cardadas da bestialidade e de um ditador sem nome que se perderá na poeira da história. Mas Neruda ficará vivo para sempre na saudade da sua poesia.

 

Saudade

 

Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...
Saudade...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

 

 

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