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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

16 Ago, 2011

Aldeias

Foto fornecida pelo Panoramio e está protegida sob copyright do proprietário

 

Agosto transpira ócio por todos  por todos os poros. Correrias e mais correrias, canseiras e mais canseiras até ao litoral. Sofreguidão e mais sofreguidão por um pedacinho de mar e uma torreira de sol. O Algarve em boa hora conquistado pelos nossos reis, mas nunca totalmente convertido da moirama,  está invadido por um exército de milhares de cavalos de explosão. Poluem, poluem , poluem e carregam o ar com os seus odores "dieselantes".

Bem pertinho mesmo ao lado existe outro Algarve, bem mais genuíno, bem mais português. Bem pertinho existe outro país, bem mais autêntico. É o Portugal das aldeias à espera de reassumir a sua pujança. A propósito recupero um texto que aqui publiquei à cerca de um ano e que continua a ter actualidade: 

 

Nasci e cresci numa aldeia. Era uma aldeia parecida com tantas outras. Era uma aldeia cheia de gente e de vida. Gente simples, gente modesta, gente feliz à sua maneira. O trabalho era o lema do dia a dia. Mas num quotidiano de trabalho duro havia sempre tempo para conviver de forma singela e saudável. A convivência aprendia-se na família e continuava na escola. A escola ainda separada por sexos fervilhava de vida, de alegria de entusiasmo. A escola era a imagem de uma comunidade cheia de vitalidade. 

 

Nos anos sessenta um processo tardio e desregulado de desenvolvimento começou a destruir a minha aldeia. A emigração e a migração começaram  

 a levar pessoas para horizontes mais promissores. A aldeia foi-se despovoando. Apenas ficaram alguns resistentes, fiéis, quase religiosos da agricultura de subsistência. A Comunidade Europeia destruiu o que restava das actividades tradicionais. Os mais idosos foram desaparecendo. Para os mais novos a alternativa é migrar. Mas há alguns que continuam a resistir. Merecem ser apoiados, pois são a esperança que resta para que a aldeia sobreviva. E pode renascer se houver vontade política de vistas largas, de desconcentração, de reordenamento, de regresso ao passado mas com futuro. A minha aldeia , que são todas as aldeias, pode voltar a ser um lugar de vida plena.

 

MG