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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

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14 Mai, 2011

A validade do voto

underpressure-blog.blogspot.com

 

No século XIX havia o rotativismo: de um lado o partido Regenerador e do outro o Progressista, que estabeleceram entre si um acordo, segundo o qual alternavam no poder ao fim de cada legislatura. Era uma democracia condicionada por esta alternância, que permitia fazer tacitamente transferência de votos. de modo a  conseguir que a vitória nas eleições também alternasse.

 

Passado mais de um século, vejo num debate televisivo, dirigido por Ricardo Costa com jornalistas e politólogos, ser ressuscitada, embora capciosamente a tese do rotativismo. Dizia  o Costa, de forma recorrente, que não percebia como é que o PS estava a subir nas sondagens, quando depois de seis anos de governo e de desgaste devia acontecer o contrário. E não se cansava de dar o exemplo da Irlanda, onde o eleitorado penalizou o partido que pediu ajuda ao FMI. De uma forma geral, perpassava a ideia que o PS não pode ganhar, havendo até quem afirmasse que o PSD será o vencedor, porque assim deve funcionar o rotativismo.

 

A tese que começa a circular na oposição é que a subida do PS é fruto da estupidez do eleitorado português. 

Mas o eleitorado sabe quem interrompeu, sem necessidade a legislatura, com o objectivo de ir rapidamente ao pote. Mas o eleitorado percebeu que dar mais votos a partidos de esquerda radical, para apenas fazerem sindicalismo político ou alianças espúrias com a direita  é desnecessário. Mas o eleitorado não confia em lideranças que não mostrem convicção nem coerência. Mas o eleitorado tem a noção que o Sócrates pode ser o pior chefe de governo, mas também tem consciência que ainda não apareceu outro melhor. Ainda bem que não são os negócios de bastidor que decidem o voto de cada cidadão. O voto certo ou errado, correcto ou incorrecto, inteligente ou estúpido é uma opção livre e pessoal e aí reside a essência da democracia.