A cantiga da formiga
A fábula da cigarra e da formiga aplicada à situação actual processa-se da seguinte forma: há uns fulanos do Norte (formigas) que se desunham a trabalhar, para que os ociosos do SuL(cigarras) passem a vida em cantorias e mais cantorias. Chega de desbunda e saracoteio. É preciso cortar a ração e tirar o pio a essas cigarras. E com o apoio de umas formigas infiltradas e com lugar os canais mediáticos, contam tantas vezes esta estória que até parece verdadeira. Mas não é.
A verdade é que aqui na parte mais ocidental, trabalha-se e sempre se trabalhou. Basta recordar a canseira que foi fundar, refundar e tornar a refundar uma nação que se afirmou em terra e no mar. E como se demonstra nesta cantiga de roda, aqui ,conseguiu-se conjugar o labor da formiga com a melodia e a poesia da cigarra. Ou seja, reescreveu-se a fábula com a mesma originalidade que se desbravaram mares desconhecidos, ou se atiraram ao tapete terríveis adamastores: aqui a formiga e a cigarra sendo duas, mostram que podem ser, simultaneamente, uma ou a mesma na dialéctica da imaginação. Coisa muito complicada para as rígidas formigas do Norte.
MG