Incendiário
trilhosecompanhia.blogspot.com
A Presidência da República devia ser um órgão de estabilidade. Devia ser mas não é. Colocou a máscara de guerra ainda durante a tomada de posse do novo mandato presidencial. Abriu hostilidades contra a cerca de metade do país que não a elegeu. Portou-se como um árbitro vendido à sua equipa do coração. Teve pressa em entregar a governação aos seus correligionários.
A difícil situação do país exigia um presidente sereno, isento, responsável, patriota. Um estadista. Não é isso que temos. Temos um homem primeiro, vingativo, ressabiado, depois, sonso, hipócrita, cínico. Fomentar a união, para defender o país, do ataque despudorado do capitalismo financeiro era a sua missão. Não teve grandeza para o fazer, nem discernimento para o entender. Em vez de unir, desuniu, em vez de agregar desagregou, em vez de actuar, deixou andar.
Na minha opinião, é o principal responsável pela desnecessário resvalar do país para uma das suas piores fases. E continua impávido e sereno, como Nero, a assistir ao fogo que ateou. Quando o país ressurgir das cinzas, com pesados custos, continuará a gozar incólume a sua reforma dourada, possivelmente sem qualquer remorso. O tribunal da história não lhe perdoará e coloca-lo-à no lugar a que tem direito.
Zé Cavaco