A canção é uma arma
Uma canção do grupo Deolinda e mais recentemente dos Homens da Luta, parece que acordou algumas mentes adormecidas para as virtualidades da música como forma de protesto. Não vejo nessas cantigas uma intencionalidade reinvindicativa. Vejo a inserção de temas do quotidiano numa produção inserida numa actividade profissional de cariz musical. Acabaram por ser ajustadas a situações concretas de certas camadas jovens e adoptadas, em conformidade, para expressarem o seu descontentamento.
Convém recordar, que a autêntica canção de protesto surgiu durante o Estado Novo e atingiu a sua plenitude na década de setenta com a revolução de Abril. Um abismo separa esta agora incensada música, das canções de intervenção de Zeca Afonso, José Mário Branco, Adriano, Fausto, Sérgio Godinho entre outros . É que os protagonistas da canção revolucionária usavam-na como uma arma, com a qual pretendiam intervir na luta política. Nesse sentido começavam por assumir uma posição ideológica que coerentemente defendiam, na vida e na música, porque a canção era a sua arma:
MG