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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

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Schauble disse e desdisse que tinha dito. Mas o que disse foi dito, porque esta é a sua forma arrevezada de dizer o que quer que seja ouvido. A mensagem linear é esta: Portugal precisa de ser desestabilizado. Tem um governo socialista apoiado por uma maioria de esquerda. Essa experiência, como a grega, esmagada sem piedade, não pode ter sucesso. O seu sucesso põe em causa a deriva direitista que domina a Europa e que acabará por destrui-la. O maior trunfo da direita em Portugal é este individuo, que encarna o lado mais negro da grande Germânia, e que conduziu a Europa a conflitos mundiais.

Este senhor Schauble, um dos promotores da austeridade sem regras, que humilhou  os povos com economias mais débeis, se não for travado, transformará a Europa num enorme Brexit. E esse buraco negro engolirá paulatinamente todos os países incluindo o seu. O mais de meio século de paz e harmonia europeia, conseguido com a constituição da UE por grandes estadistas, incluindo vários alemães, está em sério risco. As suas declarações, ditas com arrogância, prepotência e roçando o ódio, mostram total desrespeito pelos valores humanistas que sustentaram o projecto de unidade, na diversidade, da Europa. Schauble replica o ódio racista de triste memória. Xenófobo ou louco? Ou ambas as coisas?

A saída da Grã-Bretanha da UE é o reflexo da inversão do espirito que presidiu à sua criação. E devia ser um aviso sobre o processo de desagregação, e constituir motivo de reflexão para os responsáveis políticos que nos governam. O. que mais receio é que as nossas vidas estejam nas mãos de irresponsáveis que faltaram às aulas de História.

28 Jun, 2016

Vou brexitar

Esta porra de inicio de verão estava uma seca. Uma pasmaceira pegajosa pairava sobre as nossas cabeças. Nem ocampeonato europeu alavancava o ânimo. Apenas algumas bandeiras envergonhadas espreitam das janelas. A modorrice da equipa no jogo jogado também não galvaniza. Os políticos que temos e merecemos raiam a mediocridade.Se houvesse agência de rating para os ditos cujos seriam todos AAA-, isto é abaixo de cão vadio. Mas como todos os diabos tem sorte eis que nos cai no regaço, sem fazermos peva para isso, o Brexit. Significa numa leitura livre que os "bifes" vão dar de frosque. Nada de mistura com os continentais. Cada macaco no seu galho.

Eu também estou nessa onda, isto é vou aproveitar a maré e vou brexitar. E como não possuo nenhuma ilha vou usar a ilha que todos os homens são. Mas mesmo na minha ilha vou brexitar de mim próprio, vou zarpar da PDI em que não há dia que não me roube os dias. Gatuna sem lei. Mas depois de brexitar vai amargá-las, que vá roubar as noites que não damos por isso. Vou brexitar da estupidez humana, que alastra como pandemia sem vacina que a pare. Vou brexitar da xenofobia, filha da estupidez e prima da ignorância, que vive latente no fundo da memória colectiva.

Vou brexitar de um tal Junkers, nome de esquentador, e que parece saído de um filme de desenhos animados do Pateta a preto e branco e que disse aos bretões que se pusessem na alheta e que já iam tarde. E mais disse aos parlamentares de Sua Majestade que fossem cerrar presunto para as brumas de Avalon. Allez, bifalhada (tradução livre) allez. Vou brexitar de sua Excelência o Presidente da República, porque devo estar a ficar esquizofrénico, já que o vejo em todos os lugares para onde olho.E de uma forma mais chã vou brexitar das tarefas domésticas, depois de um estudo ter concluido que as mulheres trabalham mais em casa e acham bem. E a assim ser é porque gostam e se gostam não quero ser acusado de castrador. Adeus cozinha, limpeza do pó, ferro de engomar. Independência já. Brexit sem remorsos.

As ditas comissões de inquérito parlamentar nascem como cogumelos. Por dá cá aquela palha inventa-se mais uma. Ainda não percebi qual a sua eficácia. Depois de longas sessões de interrogatórios faz-se um relatório e encerra-se o assunto. Não vi resultar, destas maratonas parlamentares, qualquer efeito prático. Daí que seja pertinente perguntar para que servem?

Da minha observação comparo-as com uma feira de vaidades. O que se vê ali é mais um espectáculo mediático, do que qualquer inquirição séria sobre o assunto em causa. O que interessa sobretudo é o processo e não o resultado. É ali que os deputados dirimem argumentos, aplicam retórica para se promoverem pessoalmente ou para ganharem vantagens imediatas para o seu grupo partidário. O que se faz no essencial é chicana política.

A proposta de uma comissão sobre a Caixa Geral de Depósitos vai no mesmo sentido. Foi com intenção de tirar dividendos políticos, que o PSD e o CDS, relegados para a oposição, encontraram para lavar roupa suja e  tentar recuperar o poder perdido. Veja-se a euforia que campeia entre os comentadores/articulistas da direita nos recentes artigos de opinião. O que está em causa não é do interesse do banco público. Se assim fosse, porque não o fizeram durante os quatro anos em que tiveram no governo, quando sabiam dos créditos problemáticos?

A resposta é simples: a CGD vai ser utilizada como arma de arremesso contra a oposição que está no poder. É lamentável que em função de interesses partidários, não haja pejo em pôr em causa a estabilidade do maior banco português, numa altura em que se prepara sua recapitalização, que durante quatro anos foi sucessivamente adiada. Há até quem admita que esta Comissão Parlamentar tem também, como gato escondido com o rabo de fora, o objectivo de provocar a sua privatização.

Não é por esta via que se estabiliza o sistema financeiro, nem se combatem actos dolosos. Se o objectivo é encontrar responsáveis  por aplicações financeiras susceptíveis de constituir eventuais práticas criminosas, que se desencadei uma auditoria forense e que se acusem os eventuais criminosos. Utilizar a CGD como um palco para guerras de índole partidária é uma falta de vergonha, uma irresponsabilidade, e uma falta de respeito  por todos nós.

MG

20 Jun, 2016

Jogo falado

Segundo um ditado inglês, em tradução livre, diz-se "falas falas mas será que fazes?" A afirmação/interrogação aplica-se que nem uma luva, feita por medida, ao seleccionador Fernando Santos. Vejamos: ainda a procissão não ia no adro afirmou que íamos para ser campeões; de igual modo e numa versão mais peremptória considerou que só voltava dia 11, isto é no fim da competição; repare-se na certeza da formulação "vou" e " não espero ir".

Das declarações de Fernando Santos infere-se que no jogo falado ganha sempre.Mas terá isto correspondência no jogo jogado? Até agora não. O que se verifica é que empatou com a modesta Islândia e voltou a empatar com a acessível Áustria. E será que vai conseguir inverter esta tendência com a Hungria, ao que parece a Selecção do Grupo que tem manifestado maior competência futebolística ? Veremos. Esperamos e desejamos que o consiga, porque se assim não for dá razão ao ditado referido, e será apenas campeão no campeonato do jogo falado.

MG