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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

24 Mai, 2016

A peste amarela

Vestem de amarelo. Seguem o primeiro-ministro nas suas deslocações. Assobiam e protestam. Arvoram-se em defensores do ensino privado, desde que pago pelo Estado Português. Mas que movimento é este que agora dá cor ao cinzentismo das cerimónias oficiais? Quem está atento a telejornais sabe que se trata dos colégios com contrato de associação.

são um minoria no universo do ensino particular e cooperativo, que presta um serviço de complemento do ensino público onde este não existe. De há anos a esta parte a oferta pública alargou-se, mas estas escolas que se habituaram a mamar na teta do erário público entendem que esse contrato assume foros de privilégio. Daí o protesto organizado com recurso aos utentes da sua  comunidade escolar, incluindo crianças inocentes. São uma peste amarela extremamente agressiva e escudada nas forças da direita política que, durante o seu consulado, os beneficiaram em detrimento do ensino público.

Os tempos mudaram. Onde a escola pública está apta a garantir o ensino não se justifica que financie o ensino privado. Estes colégios têm que fazer o desmame e viver por si próprios como a maioria dos que prestam esse serviço. E quem os quiser frequentar tem toda a liberdade para o fazer, desde que assegure o devidos custos. Os portugueses, a grande maioria, que têm os filhos na escola pública não lhes compete pagar a dos que preferem o particular. A peste amarela é uma praga que tem que ser enfrentada com firmeza. Melhorar a escola pública  deve ser a prioridade do Ministério da Educação, aberta a todos, independentemente de cor, de raça e de religião.

10 Mai, 2016

Baile

No tempo em que o engate fazia parte do meu quotidiano, fui convidado por companheiros de “route” para um baile particular, numa espécie de salão de bombeiros. O intuito era reunir malta jovem vinda de distantes regiões do país e que vivia numa zona da cidade grande, para tirar, num corpo a corpo ritmado, um sarro com umas macacas, expressão usada por um amigo meu,o Joaquim, creio que com sentido carinhoso.
Na hora marcada compareci com a minha turma para dar o anunciado pé de dança. Diz o ditado que homem pequenino ou é velhaco ou dançarino. Mas como em tudo nos ditados também há excepções, pois velhaco não me considero e dançarino também não por mais que me esforce. Ainda fiz um curso rápido para dar um arzinho de bailador, mas sou mesmo duro de ouvido e pé de chumbo, e nessa área da dança deixo muito a desejar. Seja como for e como era uma boa oportunidade para engatar gajas lá fui cheio de expectativas.
Estava meio perdido no meio do “maralhal” quando o meu amigo Joaquim se aproximou e me disse: “vai em frente Zé; está ali uma macaca desocupada”. Enchi o peito de ar deitei borda fora de mim a maldita timidez e lá fui em direcção à dita macaca: “vamos dançar?”.” Não”! Foi a palavra que saiu da sua boca. O organizador do convívio que assistiu à cena, caiu logo em cima dela (salvo seja) criticando a sua atitude: “ouve lá, mas que merda é esta? Vens para aqui para dar “tampas”? Isto é uma festa familiar. Que raio de palavra é que não percebeste? A gaja enrolou a” ganforina”, baixou a bolinha e deu o dito por não dito: “vamos lá dançar”.
Passou-me um vaipe pela tola, um homem tem o seu brio, e disse para a tipa, ainda por cima anorética, ou como se dizia na época, um pau -de -virar -tripas. “Não quero dançar contigo, e não dançaria nem que fosses a Gina Lollobrigida”. Para as novas gerações, convém esclarecer, que a Gina é uma actriz italania, muito famosa nesse tempo, e que tinha mais curvas por metro quadrado que a antiga estrada do Marão. E quem se importaria de se estampar naquelas curvas?
A trinca-espinhas não sabe o que perdeu por se armar em carapau de corrida. Se me tivesse dado bola quem sabe se aquela dança não acabava no altar. Na altura andava muito carente e como náufrago à deriva agarrava-me a qualquer destroço que aparecesse. Assim lá ficou de monco caído sem ninguém que lhe aquecesse os ossos.
A festa começou a ficar chata e com o meu grupo resolvemos dar de “frosque”. Entramos no meu “coupé” para rumar a outras paragens. Quando nos afastávamos do local vimos sair do baile sem honra nem glória, a magricela. Parei o coupé (também na altura instrumento de engate) e fiz um sorriso cínico (se calhar sou mesmo velhaco) A moça enraivecida aproximou-se e deu dois pontapés na viatura.
Partimos e nunca mais a vi, nem mais magra (quase impossível) nem mais gorda. Houve outras danças e contradanças, mas hoje presto-lhe a minha homenagem. Em tempos de falta de assunto saltou-me do fundo da memória para me alimentar o vício da escrita, essa droga que causa tanto prazer como a “heroína”. Quem diria que passados tantos anos um simples “não” deixou de significar traste para significar heroína. São muito estranhos os caminhos da literatura.

01 Mai, 2016

Mãe

Quando te conheci tu eras,

quando te queria tu estavas,

presente na minha ausência

se a vida nos separava.

Para sentir teu calor

de ausências sempre voltava,

mas um dia, vê tu bem,

eu cheguei e tu não estavas,

procurei-te e tu não eras

e percebi que me amavas.

Tantas coisas por dizer,

tanto carinho esquecido

e nesse lugar distante

onde não te posso ver,

sinto mãe que já soubestes

o que ficou por fazer

e que sem me dizeres nada

tu me estás a proteger!