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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

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 Um dos princípios básicos da democracia moderna é a divisão de poderes. Princípios adoptados desde a Revolução Francesa e continuados na Constituição Americana. Isso significa que os três poderes fundamentais, legislativo, executivo e judicial, são em teoria e na prática independentes. Não parece ser este o entendimento do deputado europeu Paulo Rangel. Na Universidade de Verão do PSD, que visa formar jovens quadros políticos, defendeu, se bem entendi, uma tese oposta. Afirmou que se os socialistas estivessem no poder não haveria combate jurídico à corrupção, nem políticos presos, numa alusão à prisão do ex-primeiro ministro José Sócrates. Tais declarações significam que o poder judicial não é independente e regendo-se de acordo com directivas do poder político. Deste modo, o actual governo, do seu partido, terá influenciado os magistrados na sua actuação. Só assim se percebe a mudança de atitude de um executivo para outro. A ser assim, não existe independência mas interdependência assumida de poderes. A ser verdade, estamos perante um caso gravíssimo , de adulteração do sistema democrático, com alteração da sua estrutura de funcionamento. Eu não sei se o senhor deputado tem consciência das afirmações que proferiu.

MG

Fui com a cara metade à capital. É sempre um prazer  visitaresta Lisboa de Costa, remoçada e reinventada sem perder a sua genuinidade. Os sentidos agradecem as sensações que a cidade proporciona. Os cheiros, os sabores, as imagens inebriam por mais que a visitemos. Lisboa é hoje como há quinhentos anos uma cidades de desvairadas gentes de estranhos falares. Respira-se alegria nas suas ruas carregadas de simbolismo.

Os olhares perdem-se e encontram-se em olhares de todos os tons, resvalam por corpos dengosos, seminus, cantando hossanas às bênçãos da temperatura estival. E não fora a cara metade, sempre vigilante, de certo me perderia em êxtases sem limites. Assim perante o respeito pelos sagrados laços em que  me deixei enredar, refugio-me na imaginação de contos de mil e uma noites.

Na hora de maior calor repousei num centro comercial da cidade. Por momentos, separei-me da cara metade e senti que regressava às origens de plena liberdade. Circulei então como um jovem ancião ou vice-versa, tirando partido do falso e dissimulado estatuto de passarinho fora da gaiola.

Sol de pouca dura. Se o mundo é pequeno, um centro comercial, por maior que seja, é claustrofóbico. Vai não vai lá tenho a cara metade à perna. "Já te telefonei seis vezes e não me atendestes, disse em tom recriminatório". Confesso que não ouvi o telemóvel. Aliás verifiquei que o som estava no zero. Juro que não sei como aconteceu. A minha relação com esta tecnologia deixa muito a desejar.

-Afinal já me encontraste, retorqui. E não entendo qual é o grilo. Já não tenho idade para me perder. A não ser  que me perdesse com alguma cara linda. Ou será que imaginas que teria ido com ela para outros horizontes? Vontade não me falta. O problema é não haver cara linda, apenas linda e sem ser cara metade.

Para ser honesto não garanto, com fidelidade, se disse o que disse, ou apenas pensei que o devia dizer. Enfim lá regressamos ao nosso passeio conjunto de mão dada, talvez para evitar que alguém ficasse só com meia cara. E logo voltava a tarefa de andar à procura da metade perdida. No fundo é esta a nossa sina. No fundo será que gostamos de viver neste contentamento descontente?

Quando puder volto a calcorrear as ruas da capital. É um vício assumido. E sendo um passeio recorrente é sempre uma nova experiência. Mesmo com a cara metade. E acredite ou não, tudo volta à estaca zero. E a história poderá ser outra, mas também poderá ser a mesma. Aconteça ou não. Tudo culpa da liberdade da imaginação, que se recusa a andar com cara metade.  

MG

A política nem sempre faz jus à ética. De certo não é área para anjinhos. Mas senhor, precisava ser tão suja? O senhor Presidente que devia ser de todos nós, disse hoje que que a chamada pré-campanha está a correr com grande elevação. Tretas. Há maior mentira? E de alto nível. O exemplo vem de cima. Ou então é o reflexo do que se passa na base.

Deixando de lado uma ou outra imprecisão, (mentirinha) quem não a pratica (?) quero falar da mentira pura e dura, daquela que tem estatuto de peta profissional. E quem a domina na perfeição é a dita PAF, ou  actual maioria, o que vai dar ao mesmo. Aí mente-se com alma. Transformam-se centenas de milhares de desempregados, em aumento do emprego. Quase meio milhão de emigrantes forçados são riscados da realidade. Aumento de exportações, fruto de trabalho de governos anteriores são assumidos como êxitos exclusivos. Empreendimentos de outros executivos e fortemente contestados, são apresentados como obra do governo. Acenam-se umas migalhas de devolução de impostos, enquanto se mantém a Sobretaxa, um imposto extraordinário, que devia ter carácter temporário. E até um parcial aumento da natalidade é usado como obra dos génios da governação.

Este governo elegeu-se sob o signo da mentira. Fez tudo ao contrário do que prometeu. Se resultou uma vez porque não há-de resultar outra? Há quem tenha sido enganado e tenha gostado. Esta gente especializou-se na arte de cavalgar a mentira em toda a sela.

 

27 Ago, 2015

Apatia

Podia botar sentença sobre a eliminação do Sporting da Liga dos Campeões, desenvolver "faladura" contra os erros dos árbitros, zurzir no mestre da táctica, falar do medo de vencer, salientar falhas individuais e colectivas. Desiludam-se. Não o vou fazer. Já há muito quem  o faça e bem. Não estou nessa.

Deu-me uma estranha apatia. Não me apetece pensar. Nem martelar o verbo. Sinto que o cérebro se ausentou para parte incerta. Estou aqui, mas não estou. As letras estão em rota livre, as frases são filhas do acaso. Espero que as coisas aconteçam. Não quero mexer uma palha.Há dias assim. Rapazes de Alvalade, como eu os entendo.

MG 

 

Andava a ministra Cristas

Em ministerial função

A vender peixe a pataco

Tendo em vista a eleição

Com o irrevogável Portas

Por pomares e albufeiras

A verdade letra morta

Em aldrabices de feira

A sardinha coitadinha

Danada de ser comida

Fez a Cristas ladainha

Pois queria ser protegida

Vai daí a protectora

Feita em deusa do mar

Como musa redentora

Quis os peixinhos mimar

 

Proibiu a captura

Com muita assertividade

E sem perder a postura

Fez-se dona da verdade

Não há sardinha pró povo

Que tem que piar fininho

Se não a senhora Europa

Dá um tautau no rabinho

Mas o pobre pescador

Condenado a pão e água

Já mostrou o seu furor

Já falou a sua mágoa

E a ministra está na berra

Porque comprou uma guerra

19 Ago, 2015

O "homoface"

As redes sociais são como a pólvora. É benéfica ou prejudicial de acordo com a sua utilização. O mesmo se passa, por exemplo, com o facebook. Tanto serve para divulgar assuntos com alguma utilidade, como, na maioria das vezes, para dar voz a todo o tipo de dislates. Por essa plataforma circulam, sem qualquer freio, disparates, cretinices, absurdidades. É o melhor espelho da estupidez humana.

Nas redes sociais e em nome da liberdade, (que liberdade?) ofende-se, desrespeita-se, insulta-se, julga-se com a maior impunidade. O "homoface" representa uma involução na humanização da espécie. A acultura como método, a ignorância como argumento, a palhaçada como humor, são a base genética dessas plataformas.

E quem pensa, com desprimor, que são reflexo de "gentios" sem alma, engana-se redondamente. Por lá pululam figuras gradas da política considerada em todas as vertentes. Veja-se a palhaçada que se desenvolve entre dois altos representantes de grandes clubes de futebol, para gáudio das turbas ululantes. Um Presidente que não consegue evitar que lhe fuja o pé para o chinelo e um Director que pelos vistos nem chinelo tem, alimentam um "debate" que pode ser considerado o cúmulo da cretinice. Que exemplo de urbanidade, bom senso, tolerância e inteligência dão às massas que representam! Tudo leva a pensar que não sabem o significado de ridículo. São, ao fim e ao cabo, a face visível do grande iceberg do "homoface". Não havia necessidade.

 

Os salões de cabeleireiro deviam ter isenção de IVA. Digo-o com total convicção. É que para além de nos retocarem a aparência exterior, desempenham um importante papel social. Qualquer destes serviços devia merecer relevância de serviço público. E se a aparência é o nosso cartão de apresentação, já a promoção do convívio é um factor de identidade e coesão social. Tendo essa consciência assumo a minha ida ao cabeleireiro como um acto de participação cívica, que faz reviver  a ilusão de eterna juventude envergonhada e escondida, nos labirintos da memória.

 

Aquele mundo povoado de jovens bem cuidadas, funciona como uma antecâmara do paraíso, isto é como o imagino. Há lá coisa melhor do que sentir as mãos delicadas de fada-madrinha da jovem cabeleireira ,passeando livremente por entre as farripas de cabelos cansados pelos desgostos da vida e distribuindo champô com uma delicadeza angelical. São momentos breves, arrebatadores, que nos libertam do desgaste do tempo, mas que como as coisas boas da vida, acaba depressa.

 

Os dedos maravilhosos da menina, movimentam a tesoura com mestria até ser atingida por uma dor lombar, que suporta estoicamente. Sem dar tréguas à sua tarefa, diz à colega que fazia extensões no cabelo duma dama com sotaque brasileiro:

-tenho de pedir os extensores ao teu marido, para aliviar a minha tensão.

A outra, continuou serenamente a esticar o cabelo da cliente, limitando-se a fazer um sorriso amarelo. Aí, pensei, que se não fosse a maldita timidez que me acompanha desde o berço e que só me há-de abandonar na tumba, teria puxado de palavras ofendidas e teria dito:

-deixe lá os extensores do marido da Bruna (nome fictício) em paz. Deve haver por aí tanto extensor desocupado".

Até eu, não me importava de lhe retribuir o serviço com umas extensões gratuitas. Pensei, mas continuei calado como rato, tudo por causa  da maldita timidez.

 

A senhora de sotaque brasileiro que sofria o impacto das extensões, agora mais enérgicas, da cabeleireira com sorriso de Mona Lisa, loquaz e sem mostrar pingo de timidez deve ter-me lido o pensamento porque disparou sem poupar munição:

-ó Sofia Vanessa (nome fictício) porque não pede antes os extensores ao seu namorado?

-ó dona Jeruça (nome fictício) pedia se o tivesse, enquanto soltou mais um ai .

-Puxa Vida, replicou Jeruça, como não tem namorado?! Está tudo cego!?

 

Uma cliente sentada na cadeira de espera, folheava absorta uma revista de salão de cabeleireiro, entrou na conversa, com um conselho para a Sofia Vanessa:

-ó minha amiga, porque não fazes umas férias? Estou a ver aqui oferta de casas económicas no Algarve. Talvez  arranjes um "camone"? Com essas mamas como sala de entrada..

- De férias como, dona Francisca Assunção? Há quatro anos que não sou aumentada, nem sei que cor tem o subsídio de férias? A até nem me importava de ser cara de cartaz eleitoral, mas só põem essas sirigaitas estrangeiras...

 

A Sofia Vanessa caiu em si,  olhou-me pelo espelho e debitou uma frase feita para todos os clientes: "está bem assim?". "Está", foi a única palavra que consegui articular? Nas estradas neuronais circulavam caóticos pensamentos que corriam para destinos paradisíacos na companhia da mocinha a precisar de extensores. Corriam se não fossem paralisados pela mudez verbal. Maldita timidez. Garanto que bem me esforço, mas não consigo entrar na roda das conversas de cabeleireiro, nem levar a carente Vanessa, para os areais do Algarve. Que jeito que me davam aquelas mãos de fada a espalhar creme protector onde fosse necessário.  

 

 

Se o meu sangue não me engana
como engana a fantasia
havemos de ir a Viana
ó meu amor de algum dia
ó meu amor de algum dia
havemos de ir a Viana
se o meu sangue não me engana
havemos de ir a Viana.

 

Pedro Homem de Melo

             

Viana do Castelo é uma bonita cidade situada no extremo noroeste de Portugal. Tem o cosmopolitismo humano de gentes que falam desvairadas línguas. Tem o bulício de uma urbe operária com os seus estaleiros. Tem a ruralidade dos verdejantes campos de milho. Tem uma importante e diversificada riqueza patrimonial com destaque para o Museu do Traje. Tem uma forte cultura popular expressa na romaria da Senhora da Agonia. E tem uma óptima gastronomia, onde a doçaria assume um papel relevante através da conhecida casa Natário ,da qual Jorge Amado era um fiel visitante. Nas suas esplanadas ribeirinhas ,pode usufruir-se dos prazeres de todos os sentidos, onde o cheiro a maresia acentua os sabores, onde os olhos se deleitam com o atrevimento das gaivotas a disputar os restos de comida deixados pelos saciados comensais. Mas o espírito também se alimenta na beleza do oceano, elo de ligação entre povos e culturas, tão próximas e tão distantes, tanto quanto quiser a imaginação. 

 

MG

 

 
09 Ago, 2015

Limpinho

Prognósticos só no fim do jogo. É a resposta politicamente correcta. Pode aplicar-se com propriedade à final da Supertaça. Mas desta vez não há necessidade, porque o vencedor já está determinado. Sporting? Benfica? Nem um nem outro! O ganhador do troféu, limpinho, limpinho, só pode ser um, o Cérebro. Como? É simples. O Cérebro preparou as duas equipas. A que deixou e a que agora tem. Disse-o com todas as letras. Assim joga em dois tabuleiros. Clarinho como a água destilada. Seja qual for o resultado final ele, o Cérebro, terá a vitória. Um duplo troféu.

06 Ago, 2015

A magia do Majestic

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 O café Majestic nasceu, no Porto, na rua de Santa Catarina, no início da época de vinte. É uma história viva da cidade e até do país. Por ali passaram figuras importantes da cidade e do país ao longo dos anos, mas sobretudo gente anónima. Ao entrar neste local, recuperado nos anos noventa, cheio de história e de "estórias", senti o ambiente de uma dimensão especial. É um local mágico que nos prende para sempre e onde nos comprometemos a voltar.

 

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