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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Sem memória não há desenvolvimento. Sem memória não haveria humanidade nem civilização. Os registos das descobertas do homem são a razão de ser do progresso. Falar de registos é falar de fontes, de documentos e em última instância de livros.

Os livros nunca foram, nem são, os bem amados, dos cidadãos. Nas suas prioridades encontram-se necessidades básicas como a alimentação, mas também outras menos básicas, a saber: comprar carro, fazer férias e diversos atractivos da sociedade de consumo. O livro é neste contexto um parente pobre. Apenas algumas elites o desejam e o adquirem. E é pena. O livro, pelo que representa como memória de todos nós, merecia outra atenção. Negá-lo é negar a própria sobrevivência.

Proliferam lojas de moda dos mais diversos produtos. Mas as livrarias dificilmente subsistem fora dos meios mais cosmopolitas. Por indiferença. Longe das grandes cidades, é difícil ter acesso ao contacto com o livro, a não ser em bibliotecas e mesmo aí vegetam no esquecimento. As livrarias são cada vez mais locais aristocráticos, locais de culto restrito e elitista.

Há, porém, alturas em que o livro se liberta. Baixa do seu altar e desce à rua. Já que o povo não vai ao livro vem o livro ao povo. E aí todos podem vê-lo, sentir-lhe o odor de papel, ouvir  o sussurro do movimento das suas páginas, sentir a textura das letras, saborear a sabedoria que transportam. Meus senhores e minhas senhoras, alegrai-vos. Chegou a feira do livro.

MG

 

 

 

 

Carteirista mais velha do país ainda está no ativo

Porto- Quina a mais velha carteirista da cidade, foi detida pelaPSP por furtar bolsa a viúva na Queima das fitas. Desistência de queixa anulou julgamento. 

Jornal de Notícias

 

O seu nome é Joaquina

anciã revolucionária

mais conhecida por quina

E já octogenária.

É ainda cinquentão

o fiel companheiro

que lhe dá colaboração

no gamanço a tempo inteiro.

A mais velha carteirista

ainda em actividade

assaltou uma avozinha

já muito entrada em idade,

durante a queima das fitas

na avenida da cidade.

Eis senão quando a polícia

Que a apanha na função

Com toda a sua perícia

A leva para a prisão.

E ao ser interrogada

Usa a sua sedução

Dá ao agente cantada,

Pois mesmo na menopausa,

mulher não é castrada.

Repousa no calabouço

E depois é libertada!

Joaquina, Joaquina!

Em roubo diplomada

Cada um tem sua sina

E a dela já está traçada

na palma da sua mão

quer na arte da rapina

quer na fé da sedução.

 

20 Mai, 2015

Ou nós ou o caos

Passos Coelho apresenta uma teoria linear. Os outros, o governo anterior deixou o país de rastos. Nós salvamos a nação. É certo que aplicamos uma colossal subida de impostos. É evidente que reduzimos salários e pensões. Está claro que destruímos postos de trabalho e geramos desemprego. Comprova-se que voltámos a ser um país de emigração. Empobrecemos. Cumprimos a penitência e voltaremos a ser felizes.

A austeridade tem de continuar. Só nós garantiremos a recuperação. Se não votarem na nossa continuidade voltará o caos. Se, com excepção dos fiéis fundamentalistas, alguém ceder a esta chantagem do medo, não somos cidadãos livres. Somos antes criaturas resignadas a um destino sem horizontes. E merecemos viver na mediocridade para onde nos conduziram.

MG

Marco Silva foi contratado para treinar o Sporting durante quatro anos. Está a chegar penosamente ao fim do primeiro ano de contrato. Teve ao logo da época uma vida atribulada. Foi vilipendiado publicamente por "grilos falantes". Nunca perdeu a serenidade. Manteve-se firme no seu posto. Blindou e uniu o balneário. Segurou o terceiro lugar do campeonato e está na final da Taça de Portugal.

A destabilização vinda do próprio Presidente continua. Veja-se a insólita Conferência de Imprensa que protagonizou. Marco Silva está a fazer, mau grado a instabilidade interna, a fazer um bom trabalho. Nesse sentido deve cumprir o seu contrato. Foi contratado para ser treinador do Sporting e por conseguinte de todos os seus adeptos, que em maioria, não apoiam a sua saída. Aqui lanço um repto: vamos exigir a continuidade do nosso treinador. Nos jornais, nas redes sociais ou noutros canais de comunicação. Vamos exigir à Direcção ponderação e bom senso.  

MG

 

16 Mai, 2015

Teresa Torga

Teresa Torga, Teresa Torga

artista do musicall

e para pagar as contas

punha música dançante

já depois do pôr do sol

Faltam-lhe as tábuas do palco

a sua felicidade

fez o seu próprio teatro

n`avenida da cidade

onde dançava desnuda

num corpo já sem idade

e quando uma kodac

ia imortalizá-la

os guardiões da moral

começam logo a tapá-la

coartam a liberdade

à vontade de Capela

mas a cena ganha vida

em notícia de jornal

sem imagem da donzela

onde não fica perdida

porque chega Zeca Afonso

Para justiça fazer

numa letra de canção

ela volta a renascer

Teresa Torga, Teresa Torga

tapada com uma toalha

mulher na revolução

aind`é biombo de sala!

 

 

 

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Esta é a estória do homem que disse que não queria ir com muita sede ao pote. Este é o homem que foi ao pote. Este é o homem que se agarrou ao pote como uma lapa. E bebeu, bebeu, sem nunca dexar de estar sedento. Bebeu a EDP. Sorveu a REN. Emborcou a ANA até à saciedade. Mas quer mais. A sua sede não tem limites: quer engolir a TAP, sugar a CARRIS, entornar o Metro. Beber até à última gota.

O homem quer secar o pote. Tem aliados poderosos. À frente está o taberneiro-mor. Entregou-lhe a chave da chafarica, e dorme o sono da ausência. Esqueceu-se que é tempo de democratizar. E o homem continua abraçado ao pote "é meu, é meu" e não haverá mais ninguém a não ser eu.

MG

 

Os meus dentes andam às turras comigo desde a mais tenra idade. Ainda durante a infância começaram a dar-me umas ferroadas nas gengivas. Começou aí a minha relação de amor e ódio com uns senhores a quem chamavam dentistas. Durante a adolescência, os filhos de cabra mal parida, sim porque também as há de fazer arregalar o olho, meteram-se em cavalaria altas e chatearam-me o juízo, que por cima ainda era pouco. Depois de muitas "reives" de chocolate, deram em ser roídos pelo bicho. E vai daí os denominados dentistas, munidos de alicate e de outros instrumentos de tortura autorizados, mandaram-nos pastar para outras latitudes.

Os que escaparam ao bocheche com água de vinagre, de certo de melhor casta, chegaram aos tempos em que os dentistas foram substituídos por estomatologistas. Mas agora estão precisar, constantemente, de reparo e revisão. Começou o meu calvário para os manter dentro da boca e poder ter um sorriso sem assustar as eventuais caras lindas, com que por aí me vou cruzando. Se os perder fico prisioneiro das desdentadas, coisa que me angustia os dias que não são eternos.

De tempos a tempos lá vou, contrariado mas convencido, ao consultório fazer um botox dentário. Contudo a minha relação com o meio melhorou desde que passei a ser paciente da doutora Isabel Alçada. Usa os mesmos instrumentos castigadores, mas compensa com um corpinho de fazer inveja aos modelos danone, e no qual não me importava de dar umas dentadas. Aliás, depois de acabar o trabalho e quando a doutora me coloca uma espécie de borracha entre os dentes e me diz "morda" fico sempre a pensar: "que raio, com tanta coisa mais tenrinha para morder, logo tem de ser numa lasca artificial". Dá para ver que a ida ao dentista é sempre uma aventura.

Tenho vindo a descrever aqui as minhas aventuras no consultório. Para pôr as contas em dia vou recordá-las em breves palavras. Tudo ia bem com a doutora até ao dia em teve a (in)felicidade de perder o marido, com a agravante de ser suspeita de o ter assassinado. Conseguiu livrar-se dessa acusação, com um bom alibi, no qual colaborei. Tanso.Quem não colaborava com aquele palminho de cara?! Depois apanhou com a surpresa de saber que todos os bens tinham sido deixados por testamento a um bastardo desconhecido.

Ontem, dirigi-me ao consultório para mais uma revisão de rotina. A doutora recebeu-me com a mesma afabilidade, mas pareceu-me estranha. Utilizou as brocas e similares com a mesma proficiência. Enquanto executa a sua tarefa fecho os olhos e para me abstrair, apenas para me abstrair, imagino-me a ziguezaguear nas curvas sinuosas da doutora. Quando ela diz "pode bochechar" ainda não entrei na recta da meta. Recorrentemente. Bochecho contrariado.

O pior estava para vir. Foi quando a doutora me disse cruamente: "é a última vez que o atendo." Corei! Será que doutora captou os meus pensamentos libidinosos? Continuou: "este consultório já não me pertence. Resolvi emigrar". Respirei aliviado. Do mal o menos. É mais um quadro que vai para a emigração. Tenho pena. Bateu-me um desejo recalcado. Desde que a doutora ficou de coração liberto que tinha a vontade de a acolher no meu coração solitário. Sempre fui um romântico.

"Conheci um colega de profissão que tem um consultório na Holanda. Conhecemo-nos no facebook. Vou iniciar uma nova vida em todos os sentidos".  Maldito facebook. É para isto que serve. Encontros matrimoniais ou outros. Vaidades. Fugazes momentos. Cinco minutos de fama. Amigos a dar com um pau. Nas suas águas inquinadas, levou-me a minha dentista.

Saí cabisbaixo. Desdenha quem quer comprar. Desdenhei. Que vá pró raio que a parta. Livrou-se de ser arguida, mas quem sabe. A justiça agora só se interessa por casos mediáticos. Não ponho as mão nela, nem no fogo. Do que eu me livrei, pois quem mata um, mata um cento. Que se cuide o facebokiano holandês. Há males que vêm por bem, blablabla.

E pronto. Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto. A doutora Isabel Alçada vai. Eu fico. Não emigro. Espero que passe a borrasca. Fico no meu papel. Afinal não sou paciente?

MG

 

 

 

 

08 Mai, 2015

Ri de quê?

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Este homem ri de quê? De um milhão de desempregados? De uma dívida em crescendo? Do caos na saúde? Do recuo na educação? Do aumento da pobreza? Do brutal aumento de impostos? Do corte de salários e pensões?

Nada disto. Coisas perfeitamente normais. Coisas perfeitamente merecidas para quem ousou viver acima das suas possibilidades! Coisas justificadas para quem tendo nascido pobre quis viver só um bocadinho melhor. Tomem e embrulhem.

Este homem, destas coisas banais, ri-se por dentro. Para fora gargalha da proposta de António Costa de reduzir os impostos. Para ele mais uma brincadeira de crianças. Afinal será riso de homem ou riso de hiena?

MG

08 Mai, 2015

É sexta-feira

Aviso:" poema" satírico/erótico não aconselhável a pessoas sensíveis.

 

É sexta-feira

Aguentei a semana inteira

Pieguice e palavrão

Já não se aguenta a chinfrineira

Dos políticos da nação.

 

Vão quatro anos de austeridade

e mais quatro querem trazer

pois acham que somos otários

podem xular-nos à vontade

ninguém se vai aperceber

pois somos um povo extraordinário

 

Há cartas fora do baralho

Nem sei o que estão a fazer

E só de olhar até me rio

Apetece mandá-los pró Carvalho

Ou que se vão todos cozer

Com a pura que os partiu

 

É sesta feira

Só me dá pra choradeira

E pra dizer palavrão

Na discoteca a noite inteira

A abanar o capacete

E nem um pouco de tição

 

Ser rico é uma chatice

Ser pobre é ser bem feliz

Ser cota e pobre uma  bênção

E se quer sentir-se fixe

Nesta merda de país

Relaxe e cante esta canção,

e porque é sesta feira

vá mas é pra brincadeira.

É um dó  de alma ver o Presidente da maioria de direita, dito da República, a arrastar-se, perdido num labirinto que ele próprio inventou. Sem jeito nem capacidade para subtilezas depressa mostrou ao que ia. Correr com os socialistas e escancarar a porta ao partido da sua gente. Colocados no poder, em má hora, os homens do Presidente, arregaçaram as manguinhas e começaram as malfeitorias. Sentindo as costas quentes, isto é bem protegidas, começaram a vender o país a pataco. Sempre com o apoio do Presidente, de forma descarada e até ostensiva. Chegou ao ponto de o governo ter concluído os quatro anos de mandato e continuar em funções. Consta que o Presidente vai marcá-las lá para Outubro, porque não quer a campanha na praia. O que ele quer sei eu! É manter a sua gente a ganhar tempo. Se fosse possível nem as marcaria. Eternizava a mediocridade que apadrinha. Gostaria de certo de ser rei no reino de medíocres.

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