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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

31 Jul, 2014

A guerra suja

imagem net

 

Por mais justificações que se façam para a guerra esta não deixa de ser um acto de estupidez. Por mais que se tente branquear toda a guerra é suja. Contudo na guerra clássica o conflito desenrolava-se no campo de batalha, embora com pontuais efeitos colaterais. Mas esta guerra que se trava entre israelitas e palestinianos ultrapassa todos os limites. Não se respeita nada nem ninguém. A parte mais forte, Israel, com o apoio ocidental, trata os seus inimigos com grande desumanidade. Os danos são quase todos colaterais. As vítimas são maioritariamente civis. Assume foros de genocídio. A guerra é sempre suja, mas as crianças senhor!

 

MG

Há cem anos a Europa estava a ferro e fogo. Milhares de Jovens estavam mobilizados para combater. Quase meninos arrancados à vivência de uma vida para viver e atirados uma morte demasiado prematura. Carne para canhão recrutada por quem já tem a vida quase vivida. Ganância, soberba, irresponsabilidade estão na origem da guerra. E sobretudo muita loucura. Os senhores da guerra os que decidem atirar para o sacrifício milhões de cidadãos são uma minoria minoritária. São seres primários que controlam o poder e decidem, ditatorialmente, em nome dos povos que dirigem. Decidem sem respeitar a sua vontade. Decidem com total desprezo pela vida humana. São loucos mas não inimputáveis. São os únicos que mereciam ser eliminados para bem da humanidade. Mas não são. Quando vencedores são glorificados. Se perdedores nunca são as verdadeiras vítimas da derrota. Os loucos provocadores guerras continuem incólumes perante os crimes que cometem. Até quando?

 

MG

28 Jul, 2014

Grande Guerra

 Imagem Wikipédia

 

Faz hoje cem anos. Em 28 de Julho de 1914 a Áustria-Hungria invade a Sérvia. A seguir dá-se a invasão da Bélgica pela Alemanha. Estava dado o tiro de partida para a primeira Grande Guerra do século XX. Começou na Europa mas terminou como guerra mundial. O equilíbrio de forças e os novas armamentos prolongaram o conflito por longos quatro anos. De uma guerra de movimentos eternizou-se numa guerra de trincheiras. Da sua herança fazem parte milhões de mortos, destruição material e económica. Uma das lições a tirar é que se sabe quando se entra numa guerra, mas não se sabe quando se sai. Uma outra lição é a de que independentemente do vencedor todos são perdedores. Mas a lição que se extrai de todas as guerras é que devemos lutar todos os dias pela paz. Pena é que os "fazedores de guerras" não o entendam ou não o queiram entender.

 

MG

Crescei e multiplicai-vos" disse Deus, se a reprodução bíblica é exacta, depois de juntar o homem e a mulher. Não estão descritos mais pormenores, pelo que não ficou explícito se o acto sexual era limitado à procriação. Nem sequer nos "Mandamentos" há referência  ao exercício da sexualidade. Assim e com a informação disponível podemos concluir, que a prática do referido acto pertence ao livre arbítrio dos utilizadores e que é necessário praticá-lo. A gravidez é uma consequência e vem por acréscimo.

 

Em 1982, um deputado do CDS, João Morgado, mais papista que o Papa, fez durante o debate da despenalização da interrupção da gravidez, a seguinte afirmação: "o acto sexual existe para procriar".  Logo a deputada e excelsa poetisa Natália Correia lhe deu resposta adequada num poema que ficará como um clássico da poesia satírica. Para quem assistiu em directo a esta pérola "parlamentar" e para quem não a conhece aqui o reproduzo para recordação ou conhecimento. E presto modesta homenagem a essa grande mulher da cultura portuguesa.

 

Truca-truca

 

“Já que o coito - diz Morgado -

 tem como fim cristalino,

 preciso e imaculado

fazer menina ou menino;

e cada vez que o varão

 sexual petisco manduca,

 temos na procriação

prova de que houve truca-truca.

Sendo pai só de um rebento,

 lógica é a conclusão

de que o viril instrumento

 só usou - parca ração! - Uma vez.

E se a função  faz o órgão - diz o ditado -

consumada essa excepção,

ficou capado o Morgado.” (Natália Correia - 3 de Abril de 1982)

 

PS: Com todo o respeito pela grande poetisa, atrevo-me a acrescentar o que no seu poema parece implícito.

 

 

Não leve a sério o Morgado!

Se o coito lhe dá prazer,

faça-o que não é pecado

porque é isso que Deus quer.

Porque se não o quisesse,

para fazer a procriação

inventava outro sistema

que não a fornicação.

E no petisco sexual

a dama também manduca

porque o direito é igual

na arte do truca-truca.

Use pois o instrumento,

essa é a sua função

não seja como o Morgado

capado por devoção.

 

MG

Este fim de semana tive uma recaída e voltei ao shopping. Confirma-se. Por mais que resista o criminoso volta sempre ao local do crime. Desta vez, como sempre caí numa livraria. Entro nesse sitio, como é lógico, para ver livros, mas gosto também da envolvência. Nesta visita senti-me perdido como um náufrago a afogar-se num mar de barras de ouro. Nem vivalma circulava por ali. Livros sozinhos, tristes, solitários, esquecidos em prateleiras, sem uma mão amiga que lhes faça um afago, sem um olhar que dê vida a letras, palavras e frases tirando-as da sua letargia, roubando-as da comodidade do papel onde repousam e recriando estórias que querem contar. Nem um brilho de um olhar com trocar fugidios cumplicidades. Será da crise? Será medo da troika? Será que a cultura se levanta como um perigo para o reino cavernoso da austeridade? Saí desiludido.

 

Rumei a outras paragens. Entrei, consciente dos perigos, no hipermercado. Aqui sim, voltei a cruzar-me com gente de carne e osso ( às vezes bem mais carne) gente aparentemente feliz sem livros. Carrinhos cheios de tudo e de nada. Necessidades e superfluidades. Cruzei-me com uma dama que passou como uma nuvem passageira (passe o pleonasmo) envolta num longo e alvo vestido rendado, que me prendeu a atenção.  Trocamos um olhar tão ocasional, tão fugaz como a luz de um pirilampo. Continuou na direcção da secção de roupa feminina. Enterneci-me com uma jovem que discreta e tímida agarrou um livro e o transportava, da livraria do hipermercado, com a ternura de quem segura um bebé. Deus a conserve. Os meus olhos, esquecidos da dama fugidia, apaixonaram-se pela capa de um livro que me chamava. Chama-se Barca Velha. Barca Velha é também nome de vinho. Que junção fabulosa! Há lá coisa melhor, casamento tão perfeito? Literatura e vinho ou vinho e literatura. Estou recompensado.

 

O livro Barca velha foi escrito por Ana Sofia Fonseca, uma jornalista que alia competência a um belo palminho de cara. (não vem ao caso mas não consigo evitar a observação) Inteligência, beleza e bela escrita eis a rosa que fecha o ramalhete. Ana Sofia Fonseca conta a história deste vinho nascido em 1952. Da terra que o gera, do Douro que o amamenta, da gente que o alimenta com o suor do seu rosto, da alquimia que o embala desde o mosto até à garrafa que o encorpa, do amor do seu criador, Fernando Nicolau de Almeida. O homem que antes de Saramago inventou o homem duplicado: austero na educação dos filhos a quem impunha regras e restrições rigorosas, como não puderem frequentar os espaços dos adultos. (quando o faziam trajavam a rigor) De tempos a tempos fazia-se desaparecer para dar lugar a um suposto irmão gémeo que vivia no Brasil e que fazia a sua aparição na proa dum rabelo vestido de caqui e chapéu colonial . Esta personagem exótica era o alter-ego de Fernando Nicolau de Almeida. Trazia consigo a inversão de comportamentos. As crianças com ele frequentavam todos os espaços ,desarrumavam, saltavam pelas cadeiras, faziam as maiores tropelias. Um regabofe. O que a força do amor filial inventa para ultrapassar convencionalismos? 

 

Pousei o livro e as suas encantadoras histórias, sonhei com o vinho não disponível neste local e portador de um preço proibitívo para muitas bolsas. (já há oito anos que não aparecia à venda) Saí da catedral do consumo dando asas à imaginação. Quem sabe se um dia não me sento em vale Meão com o  Douro no horizonte, a saborear curiosas histórias com um copo cheio de Barca Velha e ao lado da jornalista Ana Sofia Fonseca. Impossível? Não dizem que o sonho comanda a vida.

 

MG

 

 

 

 

toca o sino

pra procissão

corre o emigra

no seu carrão

estala o foguete

no pino do verão

 

O rosmaninho

rasteja no chão

milhares de rodas

comem alcatrão

baratas tontas

em diversão

felicidade

em poluição

 

À romaria

chega o ladrão

com  muitos sorrisos

semeia ilusão

parte confortado

por grande ovação

o sino repica

pra corrupção

 

Roubam a seara

pra tirar-lhe o pão

espremem o suor

como a um limão

esquece-se a injustiça

e a aflição

pára a caravana

e passa o cão

 

Morra o otário

viva o ladrão

mais o vigário

e o patrão

da nação

delim delão

toca o sino

para a extorsão

 

 

Prenhes as praias

de multidão

tostam  os corpos

rolando no chão

cantam hossanas

ao bendito verão

nas águas mergulha

uma ficção

 

Soam as trombetas

e nasce a canção

jovens imberbes

dormindo no chão

juntam os corpos

em comunhão

incham os ventres

porque é o verão 

 

Velho reformado

conta a pensão

leva o andor

vai na procissão

pede a Deus

só mais um tostão

que estes daqui

Já não lh`o dão.

 

O poeta triste

faz uma canção

poema sem rima

exprime a emoção

ninguém o entende

que desilusão

entre ladainhas

passa a frustração

 

Faz-se sementeira

de mais ilusão

a chuva do medo

raio! apaga o verão

já não toca o sino

para a procissão

Delim delim

Delão delão

 

MG

23 Jul, 2014

Lili

A crise da natalidade não se nota na presença de mulheres nos mais diversos serviços. Ainda bem. Em escolas, em hospitais, no comércio, nas compras parecem-me sempre em maioria. Além disso estão cada vez mais bonitas. Mas, modéstia à parte, os homens não lhe ficam atrás. Na pastelaria onde vou tomar café o serviço é prestado exclusivamente por lindas senhoritas. É , foi e será. De quando em vez há renovação de pessoal e lá vêm novas caras larocas

 

A última aquisição dessa pastelaria chama-se Lili, Veio com os primeiros odores do verão. Com mesma simpatia, a mesma eficiência, mas completamente diferente das suas antecessoras. A empregada que me atendia antes era para o rechonchudo, ligeiramente loira, reservada e tirava-me um café leve e delicioso. A Lili é morena, expansiva qb, e um símbolo de elegância. É tão magra, que parece transparente. Quando se desloca não anda desliza, e serve-me um café mais denso, mais pesado que contrasta com a leveza do seu ser, mas também delicioso.

 

A Lili encanta-me com a sua simplicidade a roçar a ingenuidade. Já conhece o meu gosto e a nossa comunicação dispensa palavras. Olhares, sorrisos e cumplicidades . O actual estado passou, contudo, por um processo de conhecimento gradual. Primeiro fazia-lhe o meu pedido com todas as letras, depois eu começava a frase e ela acabava-a, ou seja "quero um carioca cheio"..." com adoçante" acrescentava ela muito depressa para mostrar que fazia progressos. Agora é como se nos conhecêssemos para a eternidade.

 

Admito que não sou propriamente jovem. O cartão de cidadão não me deixa mentir. No entanto, o meu espírito recusa-se a assumir essa realidade. A Lili não precisa de artifícios para assumir a juventude. É mesmo jovem. Mas quando  os olhares se fundem desvanece-se essa diferença. Melhor, quando os olhos se confundem, sinto que retornei ao tempo de todas as ilusões. A Lili não  se limita a servir-me um saboroso e quente café. Aquece-me a existência e permite-me saboreá-la com os sabores dos frutos proibidos.

 

Um dia a Lili, partirá, como a Cláudia, a Catarina entre outras. Vou ter pena. Do seu sorriso, do seu olhar doce, do seu andar ondulante e até de uma ou outra expressão de disfarçada tristeza. Guarda-la-ei num recantinho da memória. Depois, virá outra Lili, e começará tudo de novo. É assim a vida, um carrocel de encontros e desencontros. Nova corrida nova viagem até que o carrocel não traga mais lilis. Apenas a ausência de qualquer memória.

 

MG 

imagem sapo

 

O professor Nuno Crato atingiu o seu princípio de Peter. Fez a sua carreira na área do ensino, onde exerceu a docência na disciplina da matemática. Dirigiu a Associação de Professores de Matemática, onde granjeou algum prestígio. Como comentador televisivo, juntamente com outros dois cavaleiros do apocalipse, Medina Carreira e João Duque, fez oposição ao governo anterior, ficando célebre com a afirmação que era preciso implodir o Ministério da Educação.

 

Com o advento da maioria de direita, assumiu o cargo de ministro da Educação, para o qual, está mais que demonstrado, não estava preparado. Com vagos princípios de reforma, assentes em mais disciplina e mais rigor, nunca apresentou um programa estruturado sobre educação. Vai apresentando algumas medidas avulsas e desconexas. A sua receita para melhorar a qualidade resume-se a exames. Apenas burocracia e mais burocracia. A cereja em cima do bolo chegou com esta absurda ideia de pôr alguns professores a fazer um absurdo exame. Mesmo depois da comprovação da absurdidade da medida continua a insistir, até perder a noção do ridículo. É a imagem da incompetência  que se  recusa a reconhecer. Não é um ministro da educação, é um ministro sem educação. 

 

MG

20 Jul, 2014

Estou na lua

 

Há quarenta e cinco anos o homem pôs o pé no terreno lunar. Mas assim como foi, veio. Não se deu bem por lá. E a razão mais evidente é que para lá não voltou. Houvesse por lá algum arzinho respirável e algumas riquezas naturais de fácil acesso, já teria começado a corrida. E teria começado a disputa entre as grandes potências. Mas ainda bem que as paragens lunares não atraem os "terráqueos". Conflitos já chegam e sobram os que por aqui existem.

 

Mesmo sem a ida para o nosso satélite há muita gente que por lá anda. Se assim não fosse não faria sentido a expressão "estás na lua".  Estar na lua, significa, neste contexto, pairar acima da realidade. Significa tirar os pés da terra. Significa estar pertinho lá do céu, ou seja do paraíso. É por essas e por outras que os que vivem neste mundo cão vão fazendo das suas. Os do BES ou do GES, os da PT que se perdem num rio forte e caudaloso, e vão gastando à tripa forra aquilo que acumulamos. Mas como estamos na lua tanto faz. E quando descermos, para respirar, já só resta mesmo o ar. Valha-nos isso e um bom tempo de verão .

 

MG

 

 

 

Hoje, dia 18 de Julho, é o dia Internacional de Nelson Mandela. Se há alguém que merece esta homenagem universal é este cidadão e símbolo do humanismo. Mandela disse um dia:  "Ninguém nasce odiando outra pessoa por causa da cor da pele, origem ou religião dela". A noção de raça e religião são adquiridos ou melhor impostos pelas superstruturas políticas e culturais. São uma aberração criada pela natureza humana, uma exponenciação da sua faceta egoísta. E são responsáveis pelo desrespeito pelos direitos humanos.

Com esta afirmação, mostra ser uma mente superior, um ser que na cadeia evolutiva está muito à frente de muitos dos seus semelhantes. O exemplo que nos deixou foi ter a capacidade de perceber que o aperfeiçoamento da humanidade se faz pelo amor e não pelo ódio. A sua grande lição é que para além da cor da pele, somos todos humanos. A sua acção comprova que as religiões devem unir e não desunir. A sua luta contra a descriminação foi feita para que ela deixasse de existir. Nessa longa batalha despiu a cor da sua pele. Não renegou a matriz que marca todos os recem nascidos. Permaneceu para sempre criança. Só por este caminho se fará um mundo melhor. 

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