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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

31 Jan, 2014

Tempo de praxes

Nos últimos quarenta anos Portugal viveu em democracia. Os jovens nascidos não conheceram as características de um regime autoritário. Foram educados nos princípios da liberdade e da igualdade. Na sua aprendizagem para a cidadania foram-lhe transmitidos valores de respeito e tolerância entre todos. Como se explica então o comportamento autoritário, portanto anti-democrático, de jovens universitários sobre os seus pares? Como se explica que os filhos do regime democrático se arvorem em pequenos tiranetes, em total contra ciclo com o regime em que vivem? Por que negam aqueles que abusivamente subjugam a liberdade e em alguns aspectos até a libertinagem que lhes foi concedida?

 

Entre outras explicações que têm sido avançadas pode sugerir-se mais uma. Estes jovens limitam-se a seguir o espírito deste tempo. De facto vivemos em tempo de praxes. As praxes estão na moda ao mais alto nível. A nível europeu, por exemplo, os países mais fortes estão há anos a praxar os mais fracos. Tratam-nos como pigs (lixo) e empurram-nos para a chafurdagem na mais abjecta pobreza. Retiram direitos adquiridos sem direito a contestação, ameaçam cortar financiamentos e impõem juros humilhantes. Chamam-lhe austeridade mas é praxe .

 

A nível interno a praxe é uma festa constante. O Governo é menos um governo e mais uma comissão de praxantes. Depois de traçar a estratégia geral do empobrecimento é um ver se te avias. Praxa-se tudo o que mexe. Ao aumento dos impostos ninguém escapou. A praxe do desemprego foi aplicada a centenas de milhares. A praxe da emigração foi aplicada a outros tantos milhares. A técnica da guerra suja de novos contra velhos cheira a esterco. Os funcionários públicos são praxados de excelência: nos salários no horário de trabalho, nos impostos. É o três em um. Mas quem eles gostam mesmo de praxar são os pensionistas. De penico na cabeça para esconder a condição grisalha fazem-nos expiar o pecado de comer sem trabucar. Há três anos que estão debaixo da colher de pau da praxe contínua. Rastejam na lama cheios de cortes. Os praxantes adoram praxar pensionistas. Sobe-lhes a adrenalina. Aumenta-lhes a testerona em longas noites de amor. Mas ao contrário dos praxados académicos que têm no horizonte a possibilidade de também virem a ser praxadores, para estes praxados grisalhos o praxamento é crónico e unívoco.

 

As praxes são portanto um exemplo que vem de cima. Que grande exemplo para a juventude. Autoritarismo institucional. Impor, oprimir, desrespeitar, humilhar, eis a governação do país. Com base em que legitimidade? Racionalmente em quase nada, moralmente nenhuma. Apenas porque sim. Que hão-de então fazer os jovens académicos? Claro, imitar os seus governantes. Imitar o tempo de praxes e daí que estas venham em crescendo. Só vejo uma forma de sair deste ciclo vicioso. É criar uma comissão patriótica de praxes para praxar de vez os praxantes. Como? Simples e elementar. Basta uma única actividade: dar-lhes um pontapé no rabo, de forma a que voem até à terra de ninguém.

 

MG

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Os actos de violência gratuita a que chamam praxes são responsáveis desde a sua reposição por várias mortes. A prática de exercício de um poder discricionário, por uma cadeia hierárquica sem qualquer legitimidade legal, dito de comissão de praxes,  parece cada vez mais responsável pela morte de seis jovens na praia do Meco. Reportagens e debates na comunicação social têm mostrado e denunciado humilhações praticados sobre jovens indefesos e submissos. Grupos de atrasados mentais, desconhecedores da carta dos direitos humanos, das regras da democracia, e do primado da lei no estado de Direito, dão-se ao luxo de espezinhar pessoas a quem atribuem estatuto de capachos. Tudo nas barbas dos poderes legais instituídos.

 

O ruído criado nos "media" obrigou o ministro da Educação a sair da sua zona de indiferença, para dar a sensação que está a agir. Apenas fogo fátuo. Quem ouviu hoje as suas declarações percebeu que não vai mexer uma palha. Apenas palavras de circunstância, de repúdio, de lamentação. Acção concreta zero. As Associações de Estudantes idem idem, aspas aspas. As autoridades universitárias quedas e mudas. Prevê-se uma evolução na continuidade da cretinice à solta. Enfim... quantas mais mortes vão ser necessárias para agirem verdadeiramente?

 

MG

Está novamente na ordem do dia. O incidente/acidente que matou seis jovens estudantes na praia do Meco reacendeu a discussão sobre os rituais universitários designados como praxes. Acontece sempre que se dão incidentes graves. Durante algum tempo o assunto será debatido até à exaustão. Depois cai um silêncio ensurdecedor sobre as tais práticas. Desculpem a interrupção, as praxes continuam.

 

A fim de perceber a razão de ser destes actos, chamados de integração, tem se recuar bastante no tempo. Com base numa pesquisa linear constatei que essa prática surgiu na Universidade de Coimbra que possuía jurisdição própria e em moldes muito diferente dos actuais. Designada como "investida" foi proibida no século XVIII pelo rei D. João V, depois da morte de um aluno. No século XIX, estes rituais de iniciação baptizados de "caçoada" e "troça" atingiram picos de grande violência. Com o advento da República as praxes foram proibidas sendo repostas em 1919. Na vigência do Estado Novo não eram praticadas em todas as escolas superiores, sendo consideradas alienantes pelos estudantes democratas. Após o 25 de Abril de 1974 a praxe foi rejeitada pelos estudantes e considerada uma actividade de conservadorismo social. A partir dos anos oitenta a praxe académica foi sendo paulatinamente reactivada.

 

Conclui-se, grosso modo, ao longo do tempo que mais que formas de integração, as práticas têm sido rituais de exclusão e de desintegração, associadas a violência. Como o demonstram as comissões anti-praxe esta prática académica não é consensual no meio universitário. Mas o mais grave e o mais assustador é que a adesão a praxes não é um acto livre. A recusa de participação nesta prática é passível de represálias, tão ou mais gravosas das que usadas nos cerimoniais. Neste sentido, a praxe aparece como um acto coercivo. E para além da coerção os rituais aplicados aos caloiros baseiam-se em princípios de violência física e psicológica. Não visam qualquer forma de integração. Ao contrário, são humilhações praticadas por indivíduos que se auto-promovem pela antiguidade. Não formam cidadãos livres. Antes pelo contrário, contribuem para a aceitação de práticas autoritárias, de obediência sem oposição a um poder sem legitimidade. Caricaturando, ou talvez não, é o regresso de práticas fascistas ao microcosmos universitário. Estamos perante uma obediência cega e sem direito a contestação.

 

Embora haja algum acaso nos devir dos acontecimento há, também, uma razão de ser. Umas das explicação para a exponenciação deste fenómemo parece estar relacionado com as mudanças económicas e sociais das últimas décadas. A melhoria no nível de vida das pessoas associada a uma ideia de prosperidade sem fim, incutiu na mentalidade das novas gerações um espírito de facilitismo que os distraíu do sentido de responsabilidade. A sensação do "dado e arregaçado" sem ter de lutar por objectivos conduz ao conservadorismo elitista, bem presente na recuperação de trajes académicos. Por outro lado, o sistema educativo falhou na divulgação da história e de valores de referência com incidência no respeito pelo outro.

 

O eclodir de situações limite despoleta indignação e traz mais uma vez para a ordem do dia a natureza das praxes. O debate esgota-se à volta da sua natureza e nunca em se faz em relação à sua legitimidade. A questão é que não há práticas boas e más. Todas são más. Todas trazem consigo o desrespeito da dignidades humana. Todas são dirigidas por personagens que, à margem da lei, ofendem e insultam do alto da sua estupidez. Todas se baseiam no princípio de que hoje és oprimido mas amanhã oprimirás. É uma espécie de uma bolsa de barbárie que no futuro se pode replicar na sociedade. E tudo isto se passa debaixo do nariz do poder universitário e da indiferença do poder político. Lavam as mãos e assobiam para o lado. Admitem que a vida universitária seja um carnaval permanente.

 

MG

 

 

 

 

 

 

27 Jan, 2014

Holocaustos

 

imagem sapo

 

A Europa continua num desvario. De há anos que o projecto de unidade europeia, iniciado no pós-guerra, está a dar tiros no pé. O principio de solidariedade entre nações que visava criar um espaço economicamente dinâmico e socialmente equilibrado é cada vez mais uma ilusão. Os demónios da xenofobia renascem paulatinamente das cinzas. A divisão entre os laboriosos do norte e os preguiçosos do sul está na ordem do dia. A Alemanha recuperada da hecatombe da segunda guerra mundial, com a contribuição de toda a Europa, voltou ao seu registo da supremacia arrogante. A União Europeia definha perante a passividade de dirigentes e povos.

 

No dia em que se comemora o dia para recordação do holocausto era bom reflectir sobre o caminho que a UE está a seguir. Os políticas da direita liberal estão a criar, irresponsavelmente, as condições que podem dinamitar de vez a construção de uma sólida união. A aposta no capitalismo selvagem, no predomínio dos mercados financeiros a não ser travada conduzirá a Europa para a estaca zero das rivalidades entre nações. E então os holocaustos podem voltar às nossas vidas, não como recordação, mas como realidade. Quem dá aos políticos uma lição de História?

 

MG

Exercício particularmente estranho. Não brota da realidade. Nasce e vive estranhamente prisioneiro de si próprio. Nasce e vive  na mente que o cria e aprisiona. Não é um exercício sobre as coisas mas sobre o porquê das coisas, da razão de ser das palavras e da sua utilização, na sua vertente mais pura, a poesia.

Ás vezes construo umas frases a que atribuo formalmente o rótulo poesia. Mas sei que não sou poeta. Poesia não se aprende. Grosso modo e salvaguardadando toda a subjectividade  e matéria opinativa considero que há poetas e escrevedores de poesia,(sem desprimor) categoria onde me incluo. Nos meandros da minha mente procuro estabelecer a diferença:

 

O poeta sabe:

Levam justiça consigo as palavras que dissermos. Por quanto sentido antigo, nelas ficou por castigo o futuro que tivermos. Jorge de Sena

 

para o escrevedor  são apenas: 

Palavras, palavras ,palavras

Expressão de sentimentos ou de sisudas teorias,

De Babel por castigo libertadas

No barro em cunhas amassadas,

Com sangue escritas e gravadas

Para poderem viver na poesia.

 

E se  o poeta vê: 

Olhos do meu Amor! Infantes loiros Que trazem os meus presos, endoidados! Neles deixei, um dia, os meus tesoiros: Meus anéis, minhas rendas, meus brocados.

Florbela Espanca

 

O escrevedor enxerga: 

 só te conheço-te pelos teus olhos

 Iluminados por auroras boreais

de tempestades, de sonhos intemporais,

de onde brotam palavras livres de metáforas

e da ditadura das regras gramaticais,

como é livre o pensamento  das mentes excepcionais.

 

Enquanto o poeta sonha:

 

Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.

Gedeão

 

O escrevedor  filosofa: 

Os sonhos são feitos da matéria que os sonhos faz,

Habitam etéreos no inconsciente da inconsciência

Os desejos são sonhos que os sentidos inventaram,

Cuja  forma e conteúdo sem sentido aparente

Nos mantem no limite da demência

Que nos persegue das profundezas da mente

 

Um :

Brindo com o copo vazio,

O conteúdo está em mim.

Não troco sorrisos, nem lágrimas,

Mas brinco de esculpir palavras.

Finjo que são aladas, que voam.

Que têm a liberdade que não tenho

Brandão Marcon

 

O outro

tenho as palavras presas na teia da minha insegurança,

No receio de que me as roubem da lembrança

De ser por bardos aviltado

Ou , mais aviltante, cinicamente  tolerado;

Pobre verbo poético

Liberta-te e liberta-me desta  pressão obsessiva

E deixa ir as palavras à deriva.

 

E se a poesia vive no poeta, que o escrevedor viva na poesia!

 

MG

 

23 Jan, 2014

Terra de cegos

Eis a verdade nua e crua. Cinquenta por cento da riqueza está nas mãos de um por cento da população. Os outros noventa e nove por cento dividem a outra metade da riqueza. Sendo certo que essa distribuição também está muito longe de ser equitativa. Possivelmente continuará a aplicar-se a mesma formula, ou seja uma pequena minoria açambarcará mais metade dos cinquenta por cento. Deste modo às mãos da maioria chegam apenas migalhas para poder sobreviver e garantir a criação da riqueza que a maioria absorve.

 

A distribuição da riqueza mundial está no cerne das enormes desigualdades sociais existentes. Daí que seja completamente demagógico o discurso de que as populações vivem acima das suas possibilidades. È falso. Antes pelo contrário a maioria dos cidadãos vivem abaixo do limiar da dignidade. Na verdade não deixam de ser escravos a quem foi criada a ilusão da liberdade. Mas só existe verdadeira liberdade quando a divisão da riqueza criada for mais equilibrada. De facto, os únicos que vivem escandalosamente acima das suas possibilidades são a minoria que usufrui dos recursos que a maioria produz.

 

O que é grave, triste e lamentável é que sejam os explorados  acreditar que a sua espoliação é normal e justa e continuem a aceitar a narrativa que os considera os responsáveis pela crise "inventada" para lhes diminuir direitos sociais. Enquanto persistir a cegueira geral basta ter um olho para ser rei.

 

MG 

21 Jan, 2014

Barranco de cegos

(Deixai-os; cegos são e condutores de cegos; e se um cego guia a outro cego, ambos vêm a cair no barranco")

 

S. Mateus (evangelhos)

 

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No romance neo-realista Barranco de Cegos, Alves Redol conta a história de um grande agrário ribatejano, na transição do século XIX para o século XX. A vida de Diogo Relvas, confunde-se com a da própria nação, desde a bancarrota de 1891 até à queda da monarquia. Como a monarquia, também Relvas cai em desgraça e isola-se na torre dos quatro ventos  da sua herdade. Aí permanece até à morte, nunca declarada pela família. Os herdeiros mandam embalsamá-lo e assim todos o continuam a ver sentado, durante décadas, junto à janela da torre. O desvario de um gato, ao saltar imprudentemente, para apanhar um pássaro, partiu o vidro da janela, permitindo a alteração de condições que conservavam Relvas e que fizeram com se desfizesse em pó e desse origem a uma nuvem branca que eclipsou toda a herdade.

 

Salvaguardadas as devidas distâncias temporais, também o actual magistrado supremo da nação, se encontra eclipsado, não por uma qualquer nuvem, mas por uma estranha ausência, num dos períodos mais críticos da história nacional. Este desaparecimento, em pleno combate pela sobrevivência, tem dado azo a variadas especulações. Assim, alguns aventam que se encontra cativo, outros defendem que se deve ter perdido no seu próprio labirinto, há ainda outros que afirmam que está demente e por conseguinte incapaz de assumir os seus actos e há até quem  insinue que foi vítima de uma progressiva cegueira.Os mais ousados, chegam a defender que está morto e mumificado, acrescentado que a figura que muito fugazmente aparece, não passa de um sósia treinado para debitar umas frases mal alinhavadas e comer bolo rei enquanto fala, na altura conveniente.

 

Enquanto a nação se esboroa, nas mãos da arrogância sem limites, de uma  intervenção estrangeira, perante a indeferença cúmplice dos seus lacaios internos, o Presidente, parece de facto ter-se esgotado, na sua luta contra a esquerda que ajudou a derrotar. Parece de facto, que o Presidente, foi algoz e vítima da sua Alcácer-Quibir. E agora, repetindo-se a história do país ocupado, o povo espera ansioso pelo aparecimento do seu salvador. E agora, começa a ressurgir o mito sebastianista por entre a nuvem de prepotência e irresponsabilidade que está cegar o orgulho nacional. Cegos pela cegueira dos que nos guiam, esperamos nas manhãs de nevoeiro o regresso de D. Sebastião. Presumo que não virá. Cativo, perdido ou demente, tudo indica que é mais um cego que nos guia para o barranco.

 

MG

19 Jan, 2014

A tourada continua

 Fez ontem trinta anos que desapareceu fisicamente Ary dos Santos. No entanto continua vivo nos poemas que deixou. A tourada que foi canção de sucesso em 1973 faz uma crítica mordaz ao regime caduco que iria cair no ano seguinte. Aqui recordo na voz de Fernando Tordo. Presto também a minha homenagem a Ary com este remake a que intitulo de "A tourada continua".

 

Fomos levados ao engano

por capote de um cigano

com promessas do camano

beras

 

Entram moços jotas e comentadores

e falinhas mansas

entram verborreias de falsos doutores

e rotundas panças

entram peões de mentiras e rumores

cuja profissão

se lança

 

Com verónicas de medo

para nos empobrecer

puseram este país

a morrer

 

Temos que enfrentar o bicho

com coragem e sageza

pra atiramos para o lixo

a tristeza.

 

 

Entram boys a fazer campanha

que não sabem nada

gritam slogans cheios de manha

que não valem nada

pintam tudo de uma cor bem preta

cuja autenticidade

é treta

 

Entram  velhos tontos e oportunistas

e entram paspalhões

entram charlatães, novos vigaristas

e entram os pavões

Entram galinhas de pequena crista

entram os ladrões

à vista

 

Entram sempre  as mesmas quadrilhas

fazem a faena´

entram  coloridas muitas bandarilhas

grandes e pequenas

Entra  o povo manso preso em armadilhas

que enche a arena

que pena

 

Entram os  três turistas cheios de cifrões

e passes de peito

entram  cortes cegos de muitos milhões

e feitos a eito

entram as sortes de muitos capotes

passes de muleta

ministros, gestores e cortes

da teta

 

Entram privatizações,fiscos e falências

charters de chineses

entra a loucura e a incompetência

tantas vezes

entra a Alemanha ,entra a altivez

a mal ou a mal

e grita a estupidez

acabou-se  Portugal

 

 

O assunto tem sido abordado exaustivamente na comunicação social. Alguns defendem que não passa de uma cortina de fumo para desviar atenções de outros assuntos bem mais importantes. Não me parece, até porque não se pode tapar o sol com uma peneira. A questão do referendo à co-adopção apresenta-se antes como um acto mesquinho de baixa política. O que está a acontecer é uma manobra para travar este processo. Consta que surgiu como proposta da JSD. Não me cheira. Pelo andar da carruagem a JSD deve desempenhar o papel de testa de ferro. O mandante (ou mandantes) situa-se muito acima. Só assim se explica a obrigatoriedade da disciplina de voto.

 

O que está a acontecer não é, como se quer fazer crer, uma qualquer banalidade. É um acto gravíssimo que põe em causa direitos humanos fundamentais e o funcionamento do sistema democrático. Trata aqueles que são diferentes como lixo descartável. Coloca a liberdade individual como refém de uma estratégia partidária. Viola a liberdade de consciência dos seus deputados que, por mais declarações de votos que exprimam, venderam a sua dignidade. A partir de agora demitiram-se da sua condição de cidadãos por um prato de lentilhas. São apenas clones de uma vontade autoritária. Sem consciência. Neste processo a democracia corre sérios riscos. Está nas mãos de gangsters políticos sem escrúpulos. Não têm limites. Vale tudo.

 

MG

16 Jan, 2014

O que tem Hollande?

O que tem Hollande que não tenho? Não sei. O certo é que é Presidente da França sem uma ideia na cabeça, sem um objectivo conhecido, sem uma medida visível. Hollande é uma espécie de wally sabe-se que existe mas não se sabe onde está. Ou melhor não se sabia. Agora sabe-se que a sua principal ocupação é a de mulherengo/sedutor.

 

Sabe-se finalmente que não governa França nenhuma. Governa quando muito a sua vida amorosa. Também se sabe que já vai na terceira companheira (das conhecidas) e que são cada vez mais novas e mais bonitas. Mas o que tem Hollande que eu não tenho. Não é mais bonito, antes pelo contrário, não é mais elegante, tem uma cara de choninha e um ar de pãozinho sem sal. Tem que ter algum segredo. Talvez seja um misto de Marquez de Sade, D. Juan e Zé Camarinha. Fica apenas um talvez.

 

Quando ganhou as eleições em França levantou-se por toda a UE uma esperança redentora. Com Hollande e a esquerda no poder seria o principio do fim das políticas chauvinistas da ultra direita europeia. Desilusão. Com esta esquerda a direita tem vida longa garantida. Com este líder  vem ai um novo "Maio de 68". O lema vai ser: façam amor, não política. Fico à espera. Se Hollande tem saída no mulherio até eu tenho esperança.

 

MG 

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