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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 Francisco Rodrigues Lobo, poeta e escritor do século XVI, escreveu. Marco Rodrigues fadista do século XXI, cantou. Eis o resultado:

 

 

 

Tão tirana e desigual
Sustentam sempre a vontade,
Que a quem lhes quer de verdade
Confessam que querem mal;
Se amor para elas não vale,
Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Se alguma tem afeição
Há-de ser a quem lhe nega,
Porque nenhuma se entrega
Fora desta condição;
Não lhe queiras, coração,
E senão, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

 

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...


São tais, que é melhor partido
Para obrigá-las e tê-las,
Ir sempre fugindo delas,
Que andar por elas perdido;
E pois o tens conhecido,
Coração, que mais lhe queres?
Que, em fim, todas as mulheres!

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...

Coração, olha o que queres:
Que mulheres, são mulheres...



De Francisco Rodrigues Lobo

 

 

 

 

 

 

31 Mai, 2013

Filhos da puta

Há á expressões do léxico popular que rolam por todas as bocas, mesmo as mais pudicas. De tanto usadas acabam por perder uma real eficácia. Entram por um ouvido e saem por outro. São uma espécie de sound bites. Por isso não se entende a indignação dos deputados da maioria, depois de terem sido mimoseados por assistentes das galerias com a expressão "filhos da puta". E para os ditos representantes da nação, que são incondicionais apoiantes das políticas que estão a destruir um país de oito séculos, que são co-responsáveis pelo desemprego e pela miséria galopante, que teimam contra todas as evidências a seguir o mesmo caminho, a dita expressão é pêra doce. Merecem epítetos bem mais pesados. Abstenho-me.

 

MG

Um "bruxo" de Fafe, foi citado na comunicação social com alguma relevância, a propósito da má época desportiva do Benfica. Disse o técnico de actividades paranormais que alguém lançou feitiçarias sobre o clube da segunda circular. Não sou muito de acreditar em bruxas, mas como dizem nossos hermanos que as "ha, hai". E a prova está na última inconfidência do Gaspar, "não eleito coisíssima nenhuma", ao assumir-se como adepto do SLB. De facto não há desgraça que não aconteça a este clube. Não pode haver dúvida. Anda por ali macumba e da grossa. Mais, deve até andar por lá mãozinha do mafarrico. Com o Gaspar, só pode. Certinho,certinho.

 

MG

 imagem em olhares.sapo.pt

 

Quando as armas se calaram o império estava destruído. Por cima das cinzas começou a reconstrução. Inimigos recentes deram as mãos e prometeram um mundo novo. Um mundo de paz de harmonia, de cooperação. Ano após ano, década após década, renasceu a esperança, sob o lema da unidade e sob a égide da deusa Europa. Apenas uma ligeira brisa de leste perturbava, de quando em vez, a longa marcha para o progresso. Mas um muro separava as águas e mantinha seguro o rumo traçado com convicção e inteligência. A utopia parecia realizável.

 

Um tornado anunciado, que começou nas estepes, varreu o império de leste e derrubou a pesada cortina de ferro. O império ocidental rejubilou. Agora era possível unir os dois impérios, do Atlântico aos Urais e concretizar o paraíso de um mundo de justiça e de bem estar. Uma a uma, por vontade própria, as nações foram aderindo ao projecto da grande Europa. No meio da euforia, paulatinamente e com passinhos de lã voltou a velha Germânia, responsável por duas hecatombes recentes. Ninguém deu por nada. A memória é curta, mesmo muito curta.

 

De um dia para o outro começou o pesadelo. Os homens da reconstrução, calejados pela longa experiência de um apocalipse, deram lugar a uma nova geração de gente sem referências históricas. Filhos de uma prosperidade dolorosa, que não construiram, sem recordação da guerra e da fome, foram presas fáceis dos demónios do individualismo selvagem. Do salve-se quem puder. Da lei do mais forte. Deitaram, sem remorso, para trás das costas, décadas de esperança, de solidariedade, de união de povos e culturas. Ressuscitaram ódios, xenofobias, racismos. Hierarquizaram nações. Ex-derrotados do espaço vital estão aplicá-lo através do terror financeiro.

 

Isto já corre mal e se não for travado correrá ainda pior. O sonho da grande Europa de paz e sem fronteiras está a tornar-se num pesadelo. A apatia dos povos, a mentalidade do amanhã penso nisso, levará a uma nova saga de "tudo o vento levou". Escrito com letras de sangue. A voz das armas começa o ouvir-se em surdina!

 

MG 

27 Mai, 2013

Destaque

 

 

 

 

O que é que o Portal Sapo e este blog têm de comum? Em absoluto não sei nem vem ao caso. Mas há um vicio que ,seguramente, compartilhamos. É o gosto pelos livros. Isso explica, na minha opinião,  o destaque que foi feito ao post, "Por dentro dos livros" (imagem Sapo)  no Sapo-Portugal Online. Os meus agradecimentos, sobretudo em nome dos livros. Merecem. 

MG

imagem:portalda linguaingles

 

Aconteceu o que eu receava. O Benfica reservou a Praça Marquez de Pombal vai para um mês. Supostamente seria para comemorar  a conquista de três troféus. O certo é que não conquistou nem um. É o que acontece quando se põe o carro à frente dos bois, ou à falta destes, o burro.  Mas o pior é que pagou renda durante um mês sem nenhuma utilização. Certamente outros aproveitaram. É o que se chama uma renda excessiva. Espero que aprenda a lição. Nunca se deve sonhar com uma gemada se ainda não tivermos os ovos.

Ir a uma feira do livro é, para um viciado em livros, como para um católico militante ir em Maio ao santuário de Fátima. Como o católico não vai à espera de uma benesse imediata, como um milagre, mas por sentir uma necessidade espiritual, o adorador da galáxia de Gutemberg não vai pela necessidade de  adquirir o livro A ou B, mas para um encontro especial com o espírito das letras. Num certo sentido, ambos cumprem um ritual.

 

Ir em Maio à feira o livro de Lisboa, mãe  de todas as feiras, tem um sabor especial. É como viajar por dentro dos livros. E para os amantes  de livros à antiga, estes são papel, tinta, letras, imagens. Existem, têm substância, satisfazem todos os sentidos: despertam o tacto, atraem o olhar, despertam a audição no restolhar das páginas, interrogam com a sua mudez, não são indiferentes ao olfacto. Ali estão discretos na sua sabedoria, humildes nas milhares de ideias e mensagens que guardam, disponíveis e ao alcance de qualquer mão. Deixam-se folhear sem protesto, felizes por um convívio aberto com a sua razão de ser, os leitores. Ali voltam a ter um feliz encontro com os criadores que lhes deram vida e asas para voar.

 

Os rituais alimentam a fé. As feiras de livros, em qualquer lugar, são para além de lugares de divulgação e comércio, sítios onde se retoma a ligação umbilical com a aventura humana. Ali está o ADN da humanidade, a palavra escrita, o registo da memória, a prova de temos um passado e a garantia de que teremos um futuro. No espírito daquelas páginas está o conhecimento acumulado e a alma de todos os que construíram. Hamurabi, Homero, Hesíodo, Vergilio, Heródoto, Sócrates, Arquimedes, Aristófanes, Cícero, Horácio, Santo Agostinho, Leonardo de Vince, Camões, Galileu, Newton, Stendhal, Vítor Hugo, Cervantes, Anderson, Eça, Saramago...são nomes que de repente me vêm à memória, entre tantos outros que é impossível enumerar.

 

Os livros na sua quietude de papel são organismos vivos . Se os entendermos, se os vivermos, se com eles convivermos, entramos na sua intimidade e viajamos, ao fim e ao cabo, por dentro de nós próprios. Em Maio esperam-os no parque Eduardo VII, em Lisboa. De braços abertos.

 

MG

 

 

 

 

 

 

24 Mai, 2013

Palhaços

pt.dreamstine.com

 

Numa entrevista dada ao Jornal de Negócios, Miguel Sousa Tavares, atribuiu ao senhor Presidente Cavaco Silva a  condição de palhaço. Pelos vistos foi um impulso e já se arrependeu. Eu, de facto, nunca atribuiria ao PR, tal epíteto. Prefigura crime de difamação. Mas mesmo que não prefigurasse jamais o faria. Porque se o fizesse estaria a ofender toda uma classe profissional. E os Palhaços merecem todo o respeito e consideração.  

LI hoje na imprensa, que repousam nos chamados paraísos fiscais, mais de vinte biliões de euros. Que rica vida. Não andam por mãos calejadas, não pagam impostos. Maravilha. Também li que se vivessem como o comum dos mortais, neste mundo cão, gerariam, com dor, para os Estados, para aí cento e vinte, 120, disse bem, mil milhões de euros. Li ainda que este valor, fruto do suor humano, daria para tirar duas vezes a miséria do mundo. Afinal um mundo sem miséria é possível e simples. Basta, para já, que vinte biliões comecem a cumprir as suas obrigações fiscais. Mas não, copulam em paraísos fiscais e reproduzem-se como coelhos nas mãos de meia dúzia de nababos.

 

E os Estados representantes de todos os cidadãos em abstracto que fazem. Isso mesmo. Nada! Tiram aos muitos que têm pouco. Esses corpos sem rosto que se nomeiam mercados para nos endrominar, dormem tranquilamente em colchões de riqueza que outros produzem. Dormem indiferentes ao sofrimento do semelhante. Semelhante? Só na aparência. Um escândalo à luz da humanidade da raça humana. Para mim ainda nem são Homens. Para mim ainda não adquiriram uma característica fundamental da humanidade: a consciência. Para mim são monstros, novos e velhos, isto é de todos os tempos, com o beneplácito dos daqueles que se dizem nossos representantes. Até quando?

 

MG  

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