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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

As guerras de alecrim e manjerona que surgiram no PS são o alfa e o ómega da mediocridade que grassa na vida política. Se um líder partidário não mostra competência, capacidade, coragem para construir uma alternância credível deve ser contestado. Seguro foi eleito para um mandato de dois anos. Terminado esse prazo tem de se sujeitar a novo escrutínio se quiser continuar como secretário-geral. E tem que admitir que possa haver outros candidatos ao cargo. Não é nenhum drama, nem nenhuma deslealdade, é o exercício normal da democracia. Querer condicionar outros a fazê-lo revela tiques ditatoriais e um apego desmedido a uma liderança pouco consistente. Como escreveu o deputado Santos Silva:

 

Augusto Santos Silva no Facebook:
        A propósito da reunião de ontem [anteontem] da comissão política do PS:
1.
          O taticismo é um erro político.
2.
            O unanimismo é um erro politico.
    3.
              A emoção como argumento é um erro político.
      4.
                Andar aos ziguezagues é um erro político.
        5.
                Pensar que se pode tomar decisões sobre programas e lideranças do PS como se fossem moções da JS de há trinta anos atrás é um erro político, um enorme e talvez fatal erro político.
                Subscrevo plenamete e acrescento  "é um fatal erro politico" principalmente para o país.
                MG

           

          Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
          Quem é que lá os pendura nos ramos?
          De quem é a mão a inúmera mão?
          Eu passo e muda-se-me o coração
           
                Ruy Belo
           
           

           

          Às vezes tenho inveja da vida dos pássaros. Invejo a sua liberdade de deslocação sem andar em estradas superlotadas, enfiados em latas fumegantes que desprezam de quando em vez. Que o diga o meu  1.5 ao receber as suas descargas de matéria orgânica. Invejo a sua liberdade de escolherem uma habitação sem pagarem renda, IMI e juros especulativos aos nossos amigos bancos. Invejo a sua ignorância quanto à existência da troika e da dupla Gaspar/Relvas. Invejo o seu modo de vida, sem obrigações de horários e sem terem de se sujeitar aos caprichos prepotentes de empresários e políticos. Invejo a sua capacidade de se alimentarem com esforço qb e sobretudo a regalia de não terem de produzir mais valias para enriquecer passarões. Invejo-os por não terem cartão de crédito e por se estarem lixando para os mercados. O mundo dos pássaros é um mundo verdadeiramente socialista. Ideólogos da igualdade aprendam com eles.

           

          Quando faço os meus passeios de fim de tarde e passo por um jardim arborizado ouço-os em frenéticos chilreios nas ramagens das copas das árvores. E gostaria de saber o que dizem na sua linguagem de pássaros. Como não foi descodificada limito-me a imaginar  e aí vejo-os felizes em amena cavaqueira a comemorar o fim de mais um dia sem preocupações do que virá a seguir. Vejo-os alegres pela simples razão de terem existência, sem preocupações, sem stress, sem depressões. E aí apetece-me gritar: psicólogos, psiquiatras, aprendam com eles. E se me entendessem gostaria de lhes dizer: obrigado amigos pela vossa presença, obrigado companheiros por me alegrarem os dias a troco de nada.

           

          Se houvesse possibilidade de transmutação entre espécies, gostaria de ser pássaro nem que fosse apenas por um dia. Adoraria voar livre e ir com outros pássaros até ao palácio de S. Bento e fazer uma descarga de matéria fecal sobre passarões que por ali abundam. Ou então imitando os pássaros amestrados e de faz de conta de hitchcock gostaria de bicar a sério os passarões da nossa angústia de cada vez que destilam verborreia e acção em nome de interesses que colidem com o respeito pela dignidade dos seres que se arrogam a representar. Invejo, no bom sentido, os pássaros pelo que são, pelo que me proporcionam, sem clara consciência. E quanto mais observo os pássaros mais me convenço que o mundo só será verdadeiramente livre quando adoptarmos a sua sabedoria e nos livrarmos de passarões. 

           

          MG

           

           

          26 Jan, 2013

          PARABÉNS GANHOU

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          Ganhou! É o visitante cem mil. Ou será dez mil. Tanto faz. O importante é que ganhou. Ganhou mas não tem prémio. Ou antes o seu prémio é o prazer de ter ganho. Porque não é a mesma coisa ser cem mil ou noventa e nove mil. Porque quem ganha em cem mil é um ungido da sorte. E mesmo que não ganhe uma viagem à lua ou uma lua de mel com a pessoa dos seus sonhos não deixa de ser um vencedor. E não ganhou por acaso. Ganhou porque veio aqui. A lição é: venha mais vezes pois quem sabe se não volta a ganhar. Não acredita: percorra a blogosfera e se descobrir quem lhe dê prémios, aqui damos a dobrar e com uma garantia, nunca damos gato escondido com o rabo de fora. Pode não levar nada, para além da satisfação de ganhar, mas certamente também não leva uma "banhada" de criar bicho. Dito de outra forma, perdeu o seu tempo a ler esta treta, mas não foi vigarizado. Está de parabéns.

           

          MG

          24 Jan, 2013

          A grande ilusão

          O governo reuniu todos os seus avençados soltou o foguetório e apanhou as canas. A alegria invadiu rostos sisudos, soltou línguas e abriu gargantas a gritar hossanas. Afinal o mundo não acabou: voltámos aos mercados. Mas os mercados não são o alfa e o ómega do liberalismo económico? Mas estar nos mercados não é a consequência natural do funcionamento do capitalismo?  Mas se vivemos num mundo capitalista como pudemos estar fora dos mercados?

           

          A minha tese, se calhar absurda, é que nunca estivemos fora dos mercados. Antes pelo contrário estivemos bem dentro ou seja estivemos onde os mercados nos quiseram pôr, em função da sua conveniência. Tudo obedeceu a um plano rigorosamente concertado. Primeiro incentivaram-nos a usar crédito, depois mandaram as pontas de lança (agências de rating) a classificar-nos como lixo para subirem os juros e finalmente deram a estocada final: financiaram-nos via troika em troca de soberania e empobrecimento da população.

           

          Se assim não fosse como se explica a chamada abertura dos mercados. Afinal o que mudou? Vejamos: a dívida subiu, o déficit mascarou-se com receitas extraordinárias, o PIB caíu, as exportações estagnaram, o consumo bateu no fundo, o investimento não se vislumbra. Em conclusão, depois do esbulho de direitos, estamos mais individados e mais pobres. Em suma a situação é pior do que aquela que levou ao chamado resgate. Se em todos os indicadores se piorou por que razão já podemos ir aos mercados? O que mudou foi a estratégia dos detentores do dinheiro que nós ganhamos. O que mudou foi que conseguido, em parte, o objectivo financeiro dos especuladores, passaram a uma nova fase. Na realidade nunca estivemos fora dos mercados. Estamos pura e simplesmente nas suas mãos. O resto é ilusão.

           

           

          23 Jan, 2013

          Voltei ao mercado

           

          Estou feliz. Hoje voltei ao mercado. Passei ufano por entre bancadas de fruta, deliciei-me com o seu brilho colorido, impregnei-me do seu odor natural. Deambulei pelo corredor do peixe e apaixonei-me por uma chaputa e imaginei-a a bronzear-se num forno para me proporcionar prazer. Deslizei pela face dos talhos e lavei os olhos nas coxas de galinha. Só surgiu um pequeno problema: nada era de graça, tudo tinha um preço. Mas continuei feliz. Estava no mercado.

           

          Meti a mão no bolso na procura de algumas moedas que tivessem escapado à voracidade dos impostos e à diminuição dos salários. Mas estavam estranhamente vazios. Apercebi-me então que estavam rotos e que as poucas moedas se haviam escoado pelo buraco da dívida ao crédito para sobreviver. Depois de muito rebuscar lá consegui descobrir alguns cêntimos esquecidos pela sua irrelevância. Contados e recontados deram para comprar uma cenoura. Adeus maçãs reluzentes, adeus chaputa deliciosa, adeus coxas bem torneadas. Saí, embevecido, com uma cenoura. Até posso ser burro mas já tenho a cenoura e estou feliz. Voltei ao mercado.

           

          Zé Povinho 

           

          Queres  dinheiro para ir ao mercado?

           

          "Ninguém me leva a sério." Esta frase foi dita pela Sandra. Mas quem é Sandra? é a pergunta lógica. Para ser preciso não sei. O que sei é que a Sandra é uma concorrente da Casa dos Segredos. E digo que não a conheço porque esse é um programa que não vejo. E não vejo por snobismo ou por qualquer mania de superioridade intelectual. Não vejo porque não gosto. Ponto final. Conheci a frase pela imprensa e ainda bem, pois foi como um sopro da inspiração que me anda madrasta. "Sejas quem fores, obrigado Sandra por me trazeres para a crua realidade." Finalmente percebi que também ninguém me leva a sério. "Já somos dois neste mundo cão. Anima-te minha linda e se te der jeito encosta a tua cabecinha ao meu ombro e chora. É uma forma de te pagar esta dívida que te devo. Para sempre grato".

           

          Garanto. Ninguém me leva mesmo a sério. Aqui dou o melhor que sei para ajudar a fazer um mundo mais justo. Em vão. É como pregar no deserto. Aqueles que por aqui passam, são testemunhas invisíveis, de que tenho feito o possível para chamar certas pessoas à razão. Quantas vezes já disse que isto está a ir mal? Que por este caminho não chegamos a bom porto. Que austeridade custe o que custar está a destruir este país. Que a pobreza fomentada nunca foi, nem é sinal de progresso. Que a morte do consumo é a morte da economia? Que isolar um país para o destruir é como cortar um membro ao corpo a que pertence? Que, em consequência, todo o corpo vai ser afectado? Que depois de um país colapsar, colapsa outro e outro até à derrota total. Que a solução não está no empobrecimento, na exploração, no desemprego, mas no investimento, no trabalho, na criação de riqueza e na sua justa distribuição. Alguém me levou a sério? Ninguém! A desbunda continua. O PREC (processo reaccionário em curso) segue o seu percurso para o abismo.

           

          O senhor Primeiro Ministro nunca me deu uma mera palavra de reconhecimento, nem numa breve mensagem via "face". Pelo senhor Ministro das Finanças sou ignorado e desprezado, o que não admira porque, na sua perspectiva, sou mais um número. O senhor Presidente da República nem mesmo um olhar de cumplicidade me dirigiu, já que parece ter perdido a faculdade de falar. Nem do senhor licenciado Relvas recebi um único convite para debatermos a situação, sem barreiras de espaço e tempo ou seja até podia ser em Copacabana. E do senhor ministro Portas, bem, do senhor ministro Portas nem a retórica dialéctica de ser e não ser ,de estar e não estar...

          Da frau Merkell (hei !!! chanceler) nem um pestanejar mesmo discordante, o que seria natural. Até o Sapo me ignora e não destaca a minha qualidade! Ninguém escreve a uma voz avisada. Ninguém lê a voz da razão. Ninguém me leva mesmo a sério. Nem a mim, nem à Sandra. Que raio de mal fizemos nós para merecermos tal castigo?  Que raio de Karma nos coloca nesta solidão? Por quantos anos? Cem? 

           

          MG     

           

            

           

           

          21 Jan, 2013

          O apóstolo do mal

           

           

          Este é o homem que prometeu o céu e deu o inferno. Este é homem que prometeu emprego e trouxe desemprego. Este é o homem que prometeu abundância e trouxe fome. Este é o homem que prometeu paz e aplicou terror. Este é o homem que pregou a salvação e trouxe destruição. Prometeu luz e trouxe trevas.

           

          Este homem é um apóstolo. Um apóstolo do medo, do castigo, da penitência,da vingança, da arrogância. A sua Bíblia chama-se FMI. O seu deus Mercado. É um apóstolo do diabo, um cavaleiro do apocalipse. O mundo não acabou,  mas Portugal pode acabar  com o homem à solta. Precisamos de

          um exorcista.

           

           

           

           

            Imagem da revista Visão

          18 Jan, 2013

          Bode expiatório

          Lance Armstrong assumiu o uso de substâncias dopantes. Colocou sobre os seus ombros a culpa de uma prática corrente na alta competição de muitas modalidades. O uso de produtos proibidos é condenável? Concertreza. Mas sem hipocrisia todos sabiam e sabem que a queda constante de recordes só era e é possível com a utilização de processos de alteração artificial de performances humanas. Armstrong fui apenas um entre muitos  com uma diferença: ter sido descoberto. Apresentá-lo agora como bode expiatório da falsa verdade desportiva dos tempos modernos roça o cinismo.

           

          Quem ganhou as provas que fazem parte do seu currículo foi o doping? Se assim fosse até eu que mal me equilibro em duas rodas as poderia ganhar. Quem as ganhou foi o seu trabalho, o seu esforço, foram horas a pedalar, foi sofrimento, foram litros de suor. O doping foi apenas uma componente (criticável) que lhe aumentou a resistência, como a aumentou a muitos outros que conseguiram driblar as autoridades fiscalizadoras. Se algum dia as altas médias das provas cairem a pique podemos dizer que voltamos à pureza das exclusivas capacidades naturais. Até lá, continuará a haver sempre formas mais ou menos encapotadas de potenciar as forças intrínsecas dos atletas, por mais expiações que se apresentem. 

           

          MG

          17 Jan, 2013

          Zico & Pépa, Lda

          Zico & Pépa, Lda, foram vedetas nas redes sociais. A sigla pode sugerir uma dupla unida. Mas não: a fama transitória é a única coisa que os une. De resto tudo os separa.Pépa é vilipendiada por pedir um desejo próprio de menina queque, zico passa de algoz a vítima num abrir e fechar de olhos. À Pépa nem uma alminha assinou um abaixo-assinado para recolher fundos que lhe permitam satisfazer uma pretensão inocente. Ao zico chovem ofertas de adopção. Apesar de ambos terem boca a de Pépa beija (espero que bem) a de zico morde. (e mata)

           

          Zico e Pépa são imagem de marca de uma sociedade hipócrita. Une-se para salvar um cão perigoso e para condenar com a mesma ligeireza uma assunção de valores discutíveis, mas irrelevante. Uma sociedade que mostra ter evoluído para padrões cada vez mais superficiais e amplificados, sem critério, no mundo virtual. O retrocesso social a que assistimos acaba por ser o reflexo de uma sociedade  sem rumo, perdida num labirinto de contradições. É o que acontece quando os valores do espírito se diluem num mar de materialismo imediato. 

           

          MG

          17 Jan, 2013

          Subscrições

          A política do governo é uma aberração (...) reina uma teratologia específica nesta governação que nos vai a pouco e pouco enloquecendo. Com a aberração de continuar a funcionar alegre e levianamente.

           

          José Gil

           

          Não podem ser os Antónios Borges a mandar e Portugal. Nem os locais, nem ainda menos, os da Etiópia da Alemanha ou de outra qualquer paragem...

           

          José Carlos Vasconcelos

           

          Em Visão (n.º 1037)

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