Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

31 Out, 2012

Ulrich, aguenta?

Portugal, (logo os portugueses) aguenta mais austeridade? Ai aguenta, aguenta, diz Ulrich.E  Ulrich aguenta viver com o ordenado mínimo? Os portugueses aguentam, logo Ulrich sendo português, ai aguenta, aguenta! E aguenta Ulrich viver desempregado? Se os portugueses vivem desempregados, logo o Ulrich sendo português, ai aguenta, aguenta. E aguenta viver da caridade pública. Ai aguenta, aguenta porque é português e os portugueses aguentam.

Contudo, para isto ter validade, todos os silogismos teriam de ser verdadeiros. Mas a verdade é que os silogismos podem ter premissas falsas.(1) E nestes silogismos haverá alguma premissa falsa? 

 

Exemplo

 

fonte, Wikipédia

 Embora habite na água, a baleia não é um peixe. Assumir que a baleia é um peixe para sustentar um silogismo lógico incorre em uma "falsa premissa".

28 Out, 2012

Bocas

 

BOCAS

Bocas de escárnio

de insensatez

mil palavras

de som soez,

bocas que mentem

sem pudor

apenas ódio

"never" amor.

Bocas que mostram

insanidade

falta de senso

e de bondade,

bocas que gritam

só a maldade

e dão má fama

à liberdade.

Bocas de paz

e de verdade,

bocas de siso

e de razão

onde é que estão?

MG

 

1.ª sessão: o diabo era o outro?

 

O diabo era o outro. Deixou a escuridão do inferno e eclipsou-se  na luz da cidade do iluminismo. O inferno do outro foi ocupado por pretensos querubins, acompanhados por ladainhas de esconjuro. O inferno ia finalmente ser resgatado, o purgatório estava à vista e o céu logo ali. Uma multidão de incautos com auréolas disse amen e rejubilou. Cairam no conto do vigário como um patinho simplório. Agora fazem procissões a pedir o fim do pesadelo em que se meteram. Tarde de mais. Façam antes penitências. Merecem.

O diabo foi embora, mas continua a ser diabolizado pelos pretensos anjinhos. Se o inferno continua a culpa é sua, dizem . Chegou a altura de fazer a defesa do diabo. Embora pairássemos na mesma frequência não o conheço pessoalmente. Estou por isso à vontade para assumir de motu próprio a sua defesa. Antes ser advogado desse diabo, que calar este logro de terra prometida de leite e mel que nos continuam a impingir os querubins, especialmente, o mais cínico e mais sonso de todos, escondido atrás de um rosto antoniano.(sem ofensa para o santo)

Começo por desmascarar duas  premissas sem as quais a argumentação se torna inválida: a primeira é a de que vivemos acima das nossas possibilidades; a segunda é a das dívidas soberanas, responsabilizando ambas pela situação actual. É uma falsidade.  Uma parte da população deste país saiu de uma vida miserável para um nível de vida aceitável. Apenas  isso. Já no que concerne às dívidas, públicas e privadas, foram fomentadas pelo sistema financeiro em seu benefício. Não houve nenhuma alteração significativa na economia que pudesse dar origem ao que se está a passar. O que houve foi uma golpada financeira, começada com o escândalo lehman brothers, que foi aproveitado pelos usurários para recuperarem privilégios perdidos na segunda metade doséculo XX. É o regresso à luta de classes sem regras.

O outro, designado diabo, não passa de um frágil barco apanhado no meio de tremenda tormenta. Resistiu enquanto pôde. E quando tinha aberto uma pequena brecha(1) para sair da tempestade foi traído por parte da tripulação e por falsos anjos da guarda.(2) Como está,claramente registado, nos anais do inferno. Mentiras, traições, contradições. O diabo nunca se fez passar por santo. Imperfeito como todos nós cometeu erros. Mas tinha um rumo e uma estratégia. E não fora a borrasca que atingíu ,selectivamente, as embarcações europeias mais frágeis teria seguido a sua rota. Os querubins, com o querubin louco à cabeça, que tomaram de assalto a barca do inferno, já a entregaram a piratas que estão a saqueá-la antes de a afundar.

 

 

 

1) 10 de Março de 2011

O primeiro-ministro convidou Passos a sentar-se, e sem pressas começou a explicar-lhe(...) "A situação europeia está muito difícil. Querem-nos levar tudo e isso não aceitamos" (...) Falou-lhe  na necessidade de Portugal apresentar novas medidas na cimeira (...) Descreveu o plano ambicioso do governo(...) abrangia 2011 (...) 2012 e 2013. Um novo PEC (...) página 136, Resgatados

11 de Março

Trichet mostrou (a Sócrates) o texto(...) que o BCE e a comissão "apresentariam" no início da reunião a dar cobertura ao programa português (...)Passos fez uma chamada para o gabinete de Durão Barroso(..) logo que o Conselho termine anunciarei que o PSD não apoia este PEC (...) minutos depois o telefone (de Passos) voltou a tocar. Era Barroso.(...) Estava exaltado."Não pode chumbar isto.(...) aquele programa era uma alternativa ao resgate (...)Isto  com a Grécia (continuou Barroso) foi horrível, se você puder evitar isso é o mais importante. Depois terá a sua oportunidade(...) A conversa acabou ali-e acabou mal.Páginas, 144,146,147, Ibidem

14 de Março

O núcleo duro do governo voltou a reunir-se em São Bento(...) O primeiro-ministro quando falava de Passos ficava fora de si. Era inconcebível, dizia, que, lhe tivesse dito uma coisa na quinta feira e ignorasse na sesta(...)questionava Sócrates , quando pensa que Passos tinha dito em público, que não soube nada do PEC e apenas recebera um telefonema(...) na véspera à noite. Havia que revelá-lo. Sócrates resistiu. Desculpem. Calma. Vou esperar que ele o faça...

Páginas 153, 154, ibidem 

 

 

2 -Há limites ( ...) para os sacrifícios que se pode exigir ao comum dos cidadãos (...) Cavaco calou-se. A direita deu-lhe um prolongado aplauso (...) António José Seguro e Sérgio Sousa Pinto também bateram palmas (...) alguém desabafou: isto foi um nojo.

Discurso de posse do Presidente da República

Ibidem - páginas 113-115

 

 

24 Out, 2012

Gente pequena

Sempre disse e continuo a  dizer, Portugal não é um país pequeno. Para o constatar basta seguir a sua história. A grande prova da grandeza da alma e da vontade portuguesa está na sua capacidade de resistência a diversas adversidades: resistiu à anexação centrifuga de Castela, resistiu à insuficiência de recursos projectando-se para horizontes desconhecidos e instalando-se desde o Atlântico até ao Indico; geriu um império com ramificações em todos os continentes; desfrutou de riquezas que nem sempre soube preservar. No dealbar do império deixou países que continuam as raízes da lusitanidade. Fundou a pátria da língua portuguesa com mais de cinco milhões de falantes. Não há na Europa outro país com tal currículo. Não fora a gesta portuguesa, o espaço europeu não teria atingido o patamar de excelência e de poder que atingiu no mundo.

Sempre disse e continuo a dizer, o problema de Portugal não é de pequenez, é de algumas vezes ter sido dirigido por gente pequena. Estamos a passar por um desses períodos. A gente que agora nos governa, não tem rasgo, nem inteligência, nem competência. No fundo é gente que não possui a grandeza que Portugal precisa e merece. É gente que está de cócoras perante  a Troika do Norte da Europa (Alemanha, Finlândia, Holanda) que nos tratam com desdém e arrogância. E como diz o ditado "quanto mais nos baixamos mais se vê o rabo".

Como sempre disse e continuo a dizer, Portugal não pode ter medo. Como em Aljubarrota, como em mil e quinhentos, como em mil seiscentos e quarenta, como em mil oitocentos e oito o país tem de reagir, fazer das fraquezas forças, olhar o inimigo (dito mercado financeiro) nos olhos e enfrentá-lo sem receio. E como noutros períodos difíceis contradizer e derrotar os velhos do Restelo. Contudo, precisamos de timoneiros à altura da grandeza portuguesa. Contudo, precisamos de nos libertar desta gente pequena sem alma e sem rumo que por desonestidade e equívoco está ao leme:gente demasiado pequena para uma nação tão grande.

 

MG

  

Todos sabem. Deus criou Adão e descansou. Mas por pouco tempo. Olhou e viu-o acabrunhado de tristeza. Mas porquê se tinha todo o mundo para si? Olhou de novo, leu-lhe o pensamento e percebeu: Adão tinha acabado de inventar a solidão. Deus reconheceu a sua falha e resolveu agir. Esperou que Adão adormecesse, tirou-lhe uma costela e fabricou a mulher, Eva. Olhou, viu felicidade no rosto de Adão, gostou e concluiu que podia finalmente descansar. Antes, com a autoridade de um pai disse: crescei e multiplicai-vos. E assim se fez. O multiplicador começou a funcionar mas com pouca equidade. Multiplicava mais as mulheres que os homens e de tal modo que muitas ficavam sem companheiro. Para compensar a situação e perante a ausência de Deus, alguns homens multiplicaram-se por várias mulheres. Sem maldade tinham inventado o adultério. Concomitantemente nasceu o pecado. Para dar a volta ao texto, de forma subtil, o profeta Maomé fez contas e decretou que cada homem devia cuidar de sete mulheres. Assim se fez e extraordinariamente se equilibrou o que o multiplicador desequilibrava.

 

A cristandade não adoptou a norma e o problema continua a persistir. Foram porém as mulheres que encontraram a solução. Para sairem do domínio masculino, conquistaram a sua autonomia. Sairam da situação de dependentes e invadiram todas as profissões onde, dado o seu estatuto demográfico, aparecem em maioria.

 

É por isso que na pastelaria onde vou tomar café trabalham, para além da proprietária, mais três empregadas. Tudo evas. Chego até a interrogar-me se o que me atrai para aquele espaço é o delicioso sabor do café ou a deliciosa presença das simpáticas evas. Até porque logo que entro e me aproximo do balcão, uma eva loura e reconchuchudinha me atinge com o olhar e me fuzila com um largo sorriso, fazendo a pergunta sacramental: -É um carioca cheio com adoçante? Quando acabo de confirmar, pela enésima vez e a moça se vira para se dirigir à máquina já  uma outra, morena com corpo modelito, colocada estrategicamente, está a tirar o café. Parece que tenho dois amores, mas não. Eu sou realista. Sei que isso não se deve aos meus lindos (sem falsa modéstia) olhos. Deve-se concerteza apenas a eficiência profissional. Mas que fico babado, fico. Apenas isso. Afinal, já tenho a minha eva e não nasci muçulmano. Só espero que a minha eva não leia isto, senão ainda me põe fora de casa. De qualquer modo e pensando bem, se isso acontecer, sei que há por aí muitas evas e tenho esperança que alguma me acolha. Ou não!?

 

MG

 

A poesia vai acabar, os poetas

 vão ser colocados em lugares mais úteis.

 Por exemplo, observadores de pássaros

 (enquanto os pássaros não

 acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao

 entrar numa repartição pública.

Um senhor míope atendia devagar

ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum

 poeta por este senhor?»    E a pergunta

 afligiu-me tanto por dentro e por

fora da cabeça que tive que voltar a ler

 toda a poesia desde o princípio do mundo.

 Uma pergunta numa cabeça. — Como uma coroa de espinhos:

 estão todos a ver onde o autor quer chegar? —
Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde"

 

"Que fez algum poeta por este senhor"? Possivelmente nada! E a poesia? Seguramente muito? Por este e por todos os senhores míopes para que fiquem menos míopes. A poesia é eterna desde o princípio do mundo. Os poetas não. Chegam e partem. Partirão? Estarão todos a ver onde o autor quer chegar?

 

 

 

 

As coisas podem nunca parecer o que elas são
E é por isso que tu vais engolindo toda a droga que eles te dão
E se um dia fazes ondas de mais, tiram-te a ração...
A bem da nossa civilização

       Jorge Palma

 

Ai Portugal, Portugal

Ouço dizer que vais bem

(quem dera)

Mas afinal vais  mal

Ai Portugal, Portugal

Não podes ficar à espera

De socorro do além.

 

Diz-se agora por ai

Que Portugal vive em liberdade

(Deixa-me rir)

Liberdade é ter que comer

Liberdade é ter que fazer

E só partir

Quando quiser

 

O homem obcecado quer dar cabo do país

A sua imoralidade já cheira mal

Não tem noção do que é sofrer

Vende a retalho e com prazer

Até vender a mãe acha normal

Mas este país não é seu

 

 

Ai Portugal, Portugal

Sinto-te  frágil

Nas mãos de um pantomineiro

Que só quer sacar dinheiro

(Fragil)

Estás cada vez menos estável

 

Mas havemos de continuar

Enquanto houver esperança no ar

É urgente mudar o cenário

E livrar-nos deste otário

(À pois é)

E com fé

Dar-lhe um grande pontapé

 

Troco tudo por um desejo

De  exorcizar os demónios

Pois já não aguento mais

Estes monólogos irreais

Estás demitido, já nascestes demitido

De incompetências estruturais

 

Quero o meu pais de volta

Junta-te a mim

Ai Portugal, Portugal

(Do que é que estás à espera)

Para enjaular esta fera

Com todo o respeito

Não fiques à espera do fim

Junta-te a mim

 

MG

18 Out, 2012

Tubarões

François Hollande

      , que considera que gregos, espanhóis e portugueses “

estão a pagar caro os erros cometidos por outros

      ”, sendo “

tempo de oferecer a estes países uma perspectiva para além da austeridade

      ”, pelo que “

[n]ão se pode admitir que no mesmo espaço monetário países se financiem a 1% e outros a 7%

 

 

O endividamento dos países é uma das formas de funcionar do sistema capitalista.O capital que usurariamente se multiplica cobrando juros à economia e aos estados. O capitalismo financeiro está em poucas mãos que embalam o berço mundo. Há países mais ou menos endividados mas não há nenhum que não esteja. Então porque é que apenas os países do sul da Europa aparecem como os únicos incumpridores e como tal sujeito a uma austeridade brutal? Então porque é que os países do Sul sofreram um ataque sem precedentes das agências de rating, pontas de lança dos especuladores financeiros? Branco é galinha o põe! Apenas vejo uma explicação racional e plausível: obrigar os países do Sul a pagar juros altíssimos, para que, em contraponto, os poderosos do Norte se financiassem a juros residuais. É uma forma encapotada de exploração que só terminará quando os espoliados se unirem e aplicarem a máxima marxista actualizada "nações proletarizadas, acordai e uni-vos." Só assim se inverterá a constatação do padre António Vieira:

 

É preciso ouvir as repreensões, que, se não servirem de "emenda", servirão ao menos de "confusão". E qual é a confusão? É que os peixes como os homens se comem uns aos outros. O escândalo é grande, mas a circunstância fá-lo maior. "Não só vos comeis uns aos outros, senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário, era menos mal. Se os pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande."

 

MG

 

 

17 Out, 2012

O neo emplastro

charquinho.weblog.com.ptponteeuropa.blogspot.com

 No dia 3 de Janeiro de 2012 publiquei este post que volto a publicar pela sua actualidade. Premonição?

 

 

Ninguém sabe quem é, nem o que faz, nem como vive. Mas quem não o conhece? Que espectador de televisão ainda não lhe passou pela vista aquela figura patusca que se cola aos repórteres televisivos? Com a sua persistência tornou-se figura pública com o epíteto de emplastro.

Mas para além do lendário emplastro temos agora um neo emplastro. Ao contrário do verdadeiro atraído pelas câmaras, são estas que borboteiam à sua volta. Conhecemos-lhe a imagem franzina, a voz pastosa, o discurso monocórdico. O neo emplastro, ao contrário do verdadeiro, causa-nos medo, senão náusea. Não nasceu na cosmopolita cidade do Porto, mas na pacata vila de Manteigas. Correligionários chamam-lhe salazarzinho. Sem nada termos feito para isso e sem o merecermos, colou-se às nossas vidas como uma sanguessuga e está a tirar-nos a alegria de viver. Dizem que o seu criador já não lhe controla os Passos que ele próprio lhe deu. Dizem que o seu irmão principal bateu com as Portas e fugiu para parte incerta. Talvez um dia volte como filho pródigo. O neo emplastro que usa o nome de rei mago, tem a magia de nos adormecer num pesadelo de conformismo sem saída. Acordemos enquanto é tempo, para podermos continuar a apreciar a bonomia do verdadeiro emplastro.

 

MG

Vítor Gaspar disse que estava a pagar ao país o enorme investimento que fez na sua formação. A sua formação pode ter sido excelente. O seu currículo pode ter sido brilhante. O seu QI pode estar acima da média. A forma arrogante e autoritária de agir, como se fosse o dono de toda a verdade leva a pensar que é dotado de genialidade. Pode ser um génio da manipulação dos números, o supra sumo do deve e haver. A competência em contabilidade não é atributo para dirigir as finanças de um país. As finanças de um país ou até de uma simples empresa exigem mais requisitos que a capacidade para fazer balanços e balancetes. Porque um país é constituído por pessoas de carne e osso. A dimensão da vida humana não se pode mensurar apenas aritmeticamente. Mas é assim que este ministro trata os portugueses.

Para o dito ministro das Finanças de Portugal  as gentes são algarismos, os cidadãos são contribuintes, os contribuintes são cifrões. Não interessa se comem, se dormem, se têm sentimentos. São uma espécie de homem máquina do qual é preciso tirar todo o rendimento. Acima, muito acima, paira a inteligência suprema gerada nas catacumbas do poder dos mercados. Um génio omnipotente eivado de loucura. O grande senhor das vidas sem vida. Mesmo contestado e desprezado por quase todos mantém-se impávido, porque ainda conta com o apoio incondicional de um primeiro-ministro subserviente e sem cérebro. Somos governados por um génio assessorado por um nabo. Para cúmulo da desgraça temos na Presidência da República a Bela Adormecida.

 

MG 

Pág. 1/2