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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

26 Dez, 2011

Empobrecimento

alvarez-sud-express.blogspot.com

 

Temos de empobrecer, disse o primeiro ministro de Portugal com todas as letras. A frase em si já é no mínimo estranha, mas dita pelo chefe do governo português é insólita e incompreensível. Em primeiro lugar contradiz toda a lógica que suporta o sistema económico burguês construído e desenvolvido no espírito de uma sociedade de abundância e bem estar. Em segundo lugar põe em cheque a função de um político que deve governar com realismo, mas com esperança.

Mas a aludida frase coloca, ainda, uma série de interrogações sobre o empobrecimento. Empobrecimento de quem? Dos mais abastados? Da remediada classe média? Dos reformados de poucos centenas de euros? Dos jovens de salário mínimo? Em suma como se pode desejar o empobrecimento de quem já é muito pobre? E se esta injustificável pretensão se justifica com constatação de que consumimos mais do que produzimos, não seria mais inteligente defender que a solução está na mais equitativa distribuição da riqueza?

 

MG

24 Dez, 2011

Natal do menino

A prenda no sapatinho

de manhã na chaminé

era um acto de fé

e a esperança no carinho

de um menino como nós

Com pais, irmãos  e  avós.

 

Não havia pai natal

nem pinheiro iluminado

e  nem dinheiro emprestado

para comprar o consumo,

pois no pequeno sapato

só cabia o mais barato.

 

E Jesus não era rico

mas um pobre solidário ,

que cumpriu o seu fadário

e com justiça divina

deu a todos por igual,

sem razão comercial.

 

Nasceu numa manjedora

nas estrelas anunciado

com júbilo e com agrado,

para apontar o caminho.

E com grande devoção

Cumpriu a sua missão

 

De manhã na chaminé,

nem pinheiro iluminado,

mas um pobre solidário

e que num acto de fé

e sem dinheiro emprestado,

nos deixava o seu agrado

 

MG

19 Dez, 2011

Rua

 

Rua. Quem não está bem muda-se. Salve-se quem puder.O último a sair que feche a porta. Eis a síntese do pensamento de Passos Coelho primeiro ministro do governo não sei de onde. De Portugal não é certamente. Será delegado da troika, porta voz da Merkel, representante dos mercados? Seguramente não sei, mas de Portugal não é certamente. Explico: um governo português defende os interesses de Portugal, preocupa-se com os seus cidadãos, transmite confiança e esperança aos portugueses. Precisamente o contrário do que faz e defende o primeiro ministro, mesmo que traga na lapela a bandeira portuguesa. Esta gente que nos (des)governa não merece usar o nome desta nação valente e secular. Talvez seja mais adequado chamar a este país refém Passosgal com a esperança que passe depressa como depressa passaram outros Vasconcelos. Se a história se repetir passarão. Espero que seja a tempo de retomar Portugal.

12 Dez, 2011

Lisboa é

Lisboa é barco,

é batel,

cidade de sombra e luz;

Lisboa é água, Babel,

adaga,

espada e cruz

 

Lisboa é guerra ,

é vingança,

amor,ódio e traição;

Lisboa é mudança e esperança,

1383,

 justiça e revolução

 

Lisboa é sol,

é pimenta,

caravela sem idade;

é vela,mar,

e tormenta,

 é sonho e realidade

 

Lisboa é ouro

é Brasil

passarola intemporal;

é acúcar e anil,

cheiro, pregão,

 luz e cal

 

Lisboa é grito,

tristeza,

fado menor e vadio;

é realidade e mito,

donzela,

 amor e cio

 

Lisboa é desejo,

é saudade,

Lisboa é canela fina;

é mentira e verdade

menina,

 moça e menina.

 
MG

komporta.blogspot.com

Como afirmou o ex-primeiro ministro as dívidas, ditas soberanas, estão associadas ao capitalismo.  Sempre existiram e continuarão a existir enquanto houver este sistema económico. Sem recurso a endividamento não se construíam estradas, portos, fábricas, em suma não havia desenvolvimento nem progresso. Nesta perspectiva, os estados, as empresas e as pessoas recorrem a empréstimos para terem acesso imediato a bens que de outra forma não poderiam usufruir. De igual modo, os mercados financeiros ganham mais valias com o aluguer do seu dinheiro.

 

Após a crise gerada pela especulação, os mercados apoiados pelo seu cortejo de bajuladores, (políticos, analistas, comentadores) descobriram, pasme-se, que todo o mundo estava a gastar  acima das suas possibilidades. Mas quem incentivou a consumir?  Não foram os usurários para aumentar os seus lucros? Mais, não foram eles que determinaram as condições? Então porque razão, contrariando tudo o que estabeleceram, mudaram as suas próprias regras, acusando tudo e todos de caloteiros e exigindo a devolução rápida do seu dinheiro? Mas será que os mercados e os seus agentes económicos e políticos não sabem que assim estão a matar a galinha dos ovos de ouro que os alimenta e os engorda? Mas será que os mercados ensandeceram ao ponto de pôr em causa a sua sobrevivência? Há razões que a razão desconhece, digo eu!

MG

 

 

O homem escrevia crónicas numa página de um jornal inventado. Escrevia crónicas sobre tudo e sobre nada. Dominava o verbo como poucos. Debitava ideias ponderadas e buriladas até à exaustão. Não cometia um erro de sintaxe nem um deslize semântico. Tudo no seu lugar: não se esquecia de um ponto, não falhava uma vírgula, exclamações quanto baste, os verbos na conjugação certa, os adjectivos no grau adequado, os advérbios e as  conjunções no sítio preciso. As suas ideias eram sempre claras, convincentes, plausíveis, coerentes. Era lido com respeito e veneração.

A crónica “a liberdade das palavras” prometia mais um texto sem mácula. Foi lido e relido pelos habituais leitores imaginários e pelo Director imaginado. Uma e outra vez. Uma e outra vez. Ninguém percebia patavina. As palavras corriam desordenadas como um rio que deixa de respeitar as margens e se move sem sentido aparente, como se não tivesse que cumprir um percurso determinado e alimentar um mar. As frases não se regiam por um significado mas por muitos significantes ou vice-versa.

O Director chamou a tipografia. “Quem truncou este texto”, perguntou,” Ninguém”, disseram, “respeita o original”. “Não pode, pode, não pode…ou então o homem passou-se”.

Os leitores tão amestrados à sua escrita perderam-se nas linhas e nas entrelinhas. -Não pode ser, diziam.- Será que estou bem? -Será que me passei?

Chame-se o homem disse imperial o director no seu papel de director chamou-se e veio sem sujeitos predicados apostos complementos o seu texto não faz sentido não tem nexo que se passa é verdade não tem o meu sentido mas tem o seu porque o deixei fluir livre porque conseguiu soltar-se das amarras de pensamentos condicionados e dizer a sua própria verdade e não a minha como assim afinal foi você quem o escreveu melhor foi ele que me escreveu mas não vai entender pois não é um homem livre

-O homem que escrevia crónicas passou-se mesmo, desabafou o Director. Acontece. Temos de procurar outro. Um que escreva crónicas perceptíveis e ajude a formar consciências.

Amanhã é outro dia e volto a escrever sem me passar. Prometo

MG

03 Dez, 2011

Espaço vital

A democracia é o governo do povo. O povo elege os seus governantes e estes governam no cumprimento do mandatp recebido. Neste sentido quem tem legitimidade para governar a Europa são as instâncias que emanam do Parlamento Europeu. Têm legitimidade mas não a usam ou melhor não a deixam usar. Na prática quem (des)governa a Europa sem terem recebido mandato popular são frau Merkel e monsieur Sarkozi. Trata-se de um golpe de estado palaciano que instituiu um directório à revelia das instituições europeias. Estribando-se no seu poder económico e territorial a Alemanha e a França mandam na Europa perante a passividade dos vinte e sete países da união.

Das duas uma: ou os a maioria dos países se opõem á deriva antidemocrática ou deixam o directório franco-alemão de duvidosa competência, destruir o projecto europeu com a cegueira de Merkel de construir o "espaço vital" hitleriano á custa da exploração dos chamados preguiçosos do sul. Na Europa como aqui, "foi bonita a festa pá".

 

MG