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Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

calcadaodequarteira.blogspot.com

 

Sócrates errou , como já aqui escrevi, quando em 2009 aceitou formar governo em minoria, numa conjuntura política e económica desfavorável. Mas Sócrates cometeu um segundo erro, quando após o chumbo do PEC 4 no Parlamento e depois de ter afirmado que não governaria com o FMI, aceitou fazê-lo no papel de primeiro-ministro demissionário.

 

Sócrates, após o ataque sem precedentes dos especuladores, para empurrar o país para a bancarrota e para o pedido forçado de ajuda externa,  devia ter-se mantido coerente com esse propósito. Nessa situação, devia ter abandonado o executivo de gestão, deixando o trabalho sujo a quem o quisesse assumir, e devia-se ter-se demitido da direcção do partido. Não se teria submetido à derrota que sofreu, nem teria sido escorraçado pela porta pequena. Este erro, na minha opinião, quase infantil pode ter-lhe arruinado a carreira política. Mas de Sócrates até se pode esperar um renascimento das cinzas, desde que não volte a cometer erros de palmatória.

 

MG  

11 Jun, 2011

Discursos bacocos

pilulapop.com.br

 

Vejo o dia de Portugal como o dia de nos encontrarmos como nação, de glorificarmos o longo passado comum, de acreditarmos no presente e continuarmos unidos rumo ao futuro. Não foi assim que o entenderam os oradores das cerimónias oficiais. Um aproveitou para destilar o seu ódio a Sócrates que já considerou um delinquente político na linha da reles vendetta made in máfia. O outro, magistrado máximo da nação, enredou-se num discurso de banalidades, quase sem sentido, para não ter de dizer coisa nenhuma.

 

Sua excelência o Presidente da República, parecia ter descoberto a pólvora ,ao apelar ao regresso às aldeias do interior e à actividade agrícola. Mas o senhor Presidente deve ter memória curta, porque omitiu quem foi o principal responsável pela destruição da agricultura e das pescas. Mau grado a política da PAC ser uma imposição externa, uma factura que tivemos que pagar para entrar na Comunidade, só lhe ficava bem assumir essa responsabilidade.

Mas para além disso, o apelo tardio à ressurreição do sector agrícola e do interior, que começou a morrer na década de sessenta, não passa de um apelo inconsistente, que não se enquadra na evolução dos tempos. A renovação da agricultura, passa hoje por uma nova forma de produzir, que já se nota em alguns sectores, com introdução de actividades vocacionadas para nichos de mercado especializados e com orientação de gente tecnicamente preparada para o efeito. Na forma em que apresentou o seu pensamento,  não passa de mais um  "modismo" como o do regresso ao mar. O repovoamento do interior não se compadece com "modismos", nem se restringe a este ou aquele sector. Tem de ser um projecto pensado e integrado de desenvolvimento consistente.

 

Já o discurso do Dr. Barreto, muito apreciado pelos media,na linha de superioridade moral a que nos habituou, é um desfilar de acusações, apoiadas em meias verdades, contra os políticos, a política e os governantes. Até parece que António Barreto  nunca foi governante nem político. O facto é que o foi e errou como erram todos os que têm que agir. Quando se é treinador de bancada nunca se erra. E tem sido esse o papel de Barreto há muito tempo por falta de clube.

A política em democracia faz-se com políticos sujeitos a contextos e conjunturas específicas e que umas vezes agem de forma correcta e outras não. Fazer política sem políticos, significa recorrer a seres iluminados e concebidos sem pecado, que por norma e lição histórica dá no que dá. Barreto tem direito a analisar a realidade como bem entender. Não tem é direito de aproveitar o importante cargo para que foi designado, nem o ponto alto das cerimónias do 10  de Junho para, contra o espírito do dia da portugalidade, atacar,desmoralizar e desunir.

 

MG

10 Jun, 2011

Apupos

pimentanegra.blogspot.com

 

Os governantes passam e as nações ficam. O seu julgamento será feito pela história. Os julgamentos eleitorais são legítimos mas falíveis. Nem sempre o povo, muito condicionado por factores subjectivos decide da melhor maneira. Mas mais criticáveis são os julgamentos em praça pública, acicatados por interesses partidários, corporativos, ódios pessoais ou fomentados pelos media de forma irracional. Aqueles que hoje apupam Sócrates e aplaudem Passos, serão os mesmos que amanhã farão o seu contrário. Dir-se-ia noutros tempos que têm falta de berço, dir-se-à hoje que tem falta de civismo, de respeito e de tolerância democrática. Não há aquisição profunda da liberdade sem formação de um pensamento crítico e atitudes de elevação moral. A educação falhou em todos os níveis.

 

MG   

10 Jun, 2011

Dias de Portugal

 

Compreendo o simbolismo das cerimónias do dia de Portugal. Puxam pelo patriotismo, acrescentam auto-estima e confiança, contribuem para a coesão nacional. Mas não sou por dias seja do que for. Os dias são o que são independentemente do que lhe quisermos meter dentro. Nesta perspectiva, Portugal não precisa do dia A ou B, porque é todos os dias. É aquilo que todos fazemos, grandes ou pequenos nas mais variadas actividades.

 

Portugal nação valente e imortal é o esforço, a determinação, o engenho de gerações de guerreiros, marinheiros,agricultores, artesãos, dirigentes que em todas as épocas deram o seu melhor sem pensar em recompensas ou condecorações, seja em que plano for. Nesse sentido tanto vale o contributo do general que planifica, como o capitão que dirige, como o do soldado que executa. Portugal nação secular  é uma conjugação de vontades concretizadas todos os dias. Portugal e a sua história são demasiado grandes para caber na transitoriedade de comemorações confinadas à relatividade de um único dia.

 

MG

lisboacity.olx.pt

 

 

O primeiro homem estava com imensa sede, mas tinha receio de ir ao pote. O segundo homem empurrou-o e disse: -vai sem medo ,o pote está perto. O terceiro homem, no seu mutismo cínico, apontou-lhe o pote com ar severo.

 

O primeiro homem , sempre receoso avançou para o pote, mas a indecisão queimava mais que a sede. Junto ao pote o guardador tinha um ar exausto. Num trabalho ciclópico procurava ir tapando os muitos buracos de um pote a desfazer-se por décadas de mau uso, muita cobiça e muita pedrada. Mas quantos mais buracos tapava, mais outros se abriam, com tanta gente a furá-lo. O guardador caíu exausto e adormeceu profundamente. Quando acordou, assustado, já lhe tinham tirado o pote. 

 

O primeiro homem caminhava eufórico com o pote, seguido de uma matilha sedenta. Todos queriam ir ao pote, mas quando o primeiro homem o pousou sofreu uma desilusão: o pote estava vazio. De repente, do nada, surgiram três  cavaleiros apocalípticos. O número um, levantou a espada e disse: -tens de voltar a enche-lo; o número dois levantou o escudo e falou: -tens de o concertar; o terceiro homem, levantou o elmo e grunhiu: -despacha-te, temos muita pressa de beber nesse pote.

 

A matilha sedenta grita em coro:-a culpa é do guardador! -morte ao guardador. Mancos, coxos, aleijados, ingénuos, raivosos, ressabiados que seguiam a matilha vociferam em coro: -morte ao guardador, é o diabo em pessoa, até enganou Adão e Eva.

 

O pote tem agora novos guardadores, tão sedentos quanto vingativos. Irá sobrar alguma coisa?

 

MG

07 Jun, 2011

O erro de Sócrates

 

O PS perdeu as eleições. O PSD ganhou-as. É esta a mecânica da democracia. Mas o PS e o seu Secretário Geral, perderam as eleições devido ao desgaste dos últimos três anos. Durante esse período o governo teve de enfrentar a pior crise económica desde 1929. Isso conduziu ao crescente endividamento do país para manter o Estado Social: Serviço Nacional de Saúde, Escola Pública, subsídios de desemprego, reformas. O governo de Sócrates, extremamente condicionado pela conjuntura continuou a modernização do país, nas novas tecnologias, no investimento público, no apoio a uma indústria e a uma agricultura com vertente exportadora. Também cometeu alguns erros de avaliação em relação à dimensão da crise. Cometeu ao longo do seu mandato, possivelmente, outros menos visíveis.  Mas a sua queda começou com um erro de palmatória e que teve de pagar com língua de palmo.

 

O maior erro de Sócrates foi ter constituído um governo minoritário após as eleições de 2009. Na impossibilidade de conseguir um apoio maioritário para formar esse governo, deveria ter recusado assumir funções governativas e teria virado o feitiço contra o feiticeiro. Era evidente que o Presidente Cavaco que o suportara durante a anterior legislatura, para poder ser reeleito iria derrubá-lo na primeira oportunidade, ou seja após a  sua reeleição.

 

Não foi a mistificação da bancarrota que não aconteceu, não foi a mistificação do endividamento que é responsabilidade de todos os governos desde Cavaco, não foi a mistificação do fraco crescimento económico que é fruto de décadas de políticas erradas, nem foi a mistificação do desemprego que é resultado, em toda a Europa, da crise desencadeada pelos especuladores. Quem derrubou Sócrates foi sua excelência o Sr Cavaco, quando percebeu que estavam reunidas todas as condições para entregar o poder à sua gente. E Sócrates, com toda a sua sagacidade não o percebeu. Mas estava evidente, logo no mais vingativo discurso de vitória eleitoral de que há memória. Ficou ainda mais evidente no discurso de tomada de posse de sua Excelência. Sócrates confiou ingenuamente no seu carisma, na sua determinação, na sua boa estrela. Não percebeu que há lobos vestidos de cordeiros, mesmo quando trazem o rabo de fora. Em política há erros que custam muito caro.

 

MG

 

 

05 Jun, 2011

Irresponsabilidade

 

 

O que se previa concretizou-se: a direita ganhou as eleições. Estranho seria que não as ganhasse, depois de um período de grande desgaste para o governo, que teve que enfrentar a pior crise económica e financeira mundial do último século.

 

Mas a ascensão ao poder da direita fica-se a dever-se à irresponsabilidade da esquerda radical que, aliada com a direita, ajudou a derrubar o governo, com a alegação de que tanto faz ter um governo do PS ou um do PSD. A realidade comprovará que não é assim. O BE que fez do PS o inimigo principal já começou a pagar a factura. E por este caminho, como já aqui previ, acabará por desaparecer por culpa própria, sem ter dado um único contributo positivo para a melhoria do país. Acabará como aquilo que quis ser: um partido completamente inútil.  

 

MG

 

 

 

Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?

 

Novo Testamento, Mateus, 6-26.

 

 

Há vida para além, do insulto soez, da mesquinhice, do ataque traiçoeiro. Tenho a honra de poder ouvir as cantorias de um merlo que generosamente habita uma árvore na minha rua. O seu trinado transmite-me paz, tranquilidade e a alegria pura das coisas simples. Em dia decretado de  reflexão( não serão todos os dias de reflexão?) ajuda-me a ver para além das aparências, das vaidades, da soberba e dessa  baixeza moral que é a vingança pessoal.  Mas como diz o ditado, muitas vezes Deus escreve direito por linhas tortas.

 

MG

 

04 Jun, 2011

Reflexão-Sondagens

Há para aí muita gente, nos blogues, na comunocação social a confundir sondagens com resultados. Há para aí muita gente, antes dos eleitores irem às urnas, a cantar vitória e no campo dos partidos já mais à frente, a discutir lugares à mesa do orçamento.

 

As sondagens são como os oráculos, umas vezes acertam , outras nem por isso. E como no futebol nem sempre a equipa que tem o apoio dos árbitros consegue ganhar. Eu prefiro ficar serenamente à espera do resultado do final do jogo. É que ás vezes há surpresas. E parafraseando cavaco, numa versão livre "ás vezes tenho dúvidas, mas raramente me engano".

 

ZC