Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

Nação valente, ao sul

Odeleite Cabeça do dragão azul

 

Esta estória escrita para o blog,quixote moinho de letras, em tons "hiper-realistas" é pura ficção. A semelhança com acontecimentos ou personagens reais é mera coincidência

 

 ambienteacreano.blogspot.com

 

Naquele dia de Junho, algures nos anos 60 a camioneta da carreira das seis acabara de chegar da tépida Beja. Entrou na serra algarvia a bufar do cansaço do sobe e desce de uma estrada traçada a picareta e mal lambida de alcatrão. Quando ronceira estacou na primeira paragem do concelho de Castro Marim, foi invadida por um grupo de mancebos que no dia seguinte iam às sortes. De freguesia em freguesia iam-na emprenhando de juventude bem disposta. No último grupo, ia Aníbal Cavaco, para ser sujeito à prova de aptidão para soldado da nação.

 

Na sede do concelho,Aníbal e o grupo da sua aldeia dirigiram-se à pensão Mariani, nas margens do sapal, onde iam pernoitar . Tocaram na aldabra da porta e esperaram breves instantes. Na soleira entreaberta, divisaram uma mulher baixa, alourada e montada nuns chinelos de pana, made in Espanha que os olhou com bonomia.

-D. Mariquinhas, disse o Chico Rufia um latagão de quase dois metros: -Tem aí acomodação para esta moçada descansar os ossos.

 Mariquinhas que já o conhecia de outros Entrudos balbuciou: pra ti Chico dá-se sempre um jeito. Mas quantos são os alarves.

- Mais de uma dúzia, disse o Rufia, olhando em redor e calculando a olho.

-Só se não se encomodarem de dormir aos pares'

-Homessa ti Mariquinhas, isto é malta séria.

 

- Mariquinhas conduziu-os por um longo corredor alumiado por telhas de vidro e foi-os enfiando em pequenos quartos, com uma cama larga e um lavatório de ferro. De cada lado da cama, encimada por um quadro da última ceia, estava uma mesinha de madeira pintada. Depois de deixarem os seus pertences dirigiram-se a uma cozinha sala onde Mariquinhas, ajudada pela  filha que optara por ficar solteira, por falta de pretendentes lhes serviu um caldo de repolho , bem condimentado com toucinho de porco serrano.

 

Acabada a refeição o Rufia, aproveitou a saída das mulheres, levantou-se e ciciou:

 

- Agora como é da tradição vamos às putas. Quem ainda os não perdeu tem que ser hoje ou não faz jus ao bom nome do soldado português. Vinte paus é o que leva a D. Manela para esfolar cada bezerro. Alguém está contra?

 

Manela  uma matrona de meia idade, bem nutrida, mas ainda viçosa e prestável para a função de iniciação sexual, supria a menor juventude com muita experiência. E até então nunca tinha havido queixas. A encartada do sexo, tinha casa aberta e autorizada, sujeita a imposto municipal nas faldas do velho castelo que já fora dos castos monges Templários.

 

Naquela noite D. Manela não dava mãos nem pernas a medir. A clientela vinda de todo o concelho compareceu em peso. Mas não podia dar-se ao luxo de perder um dia assim tão farto. Só acontecia em ocasiões festivas. Começou a aviá-los a todos, um de cada vez claro.

- O próximo chamou D. Manela. Levantou-se algo atrapalhado Aníbal Cavaco, enquanto arrastava os pés para dentro do consultório. Esparramada na cama estava D. Manela tal como veio ao mundo. A cor do rosto esfíngico de Aníbal ecorregou-lhe até aos pés e ficou como que pregado ao soalho de  tábuas enceradas. As únicas fêmeas que vira nuas eram as cabras , as vacas e outros animais de pasto.

 

- Então mosse que estás a fazer aí especado. Vieste para biombo de sala? Despacha-te  que há muita gente à espera. Passado o primeiro impacto Aníbal lá se foi despindo sempre em crescendo.

 

Ó mosse dum raiopelos vistos és melhor de coiso que de conversa. Anda cá que eu tiro-te da aflição. Aníbal atirou-se prá frente como potro no cio e descarregou na matrona quase sem a deixar tomar ar. "-Mais devagar rapaz, não vás com tanta sede ao pote."

 

A maltesaria satisfeita de corpo e mente, saiu para ir dormir e retemperar forças para o dia seguinte. Mas Aníbal Cavaco recusou-se a companhá-los.

-Eu ainda fico. Bem  tentaram demove-lo, mas em vão. Ficou, e repetiu, repetiu, repetiu, e mudava o óleo e fazia a rodagem, até ficar teso que nem um carapau. Acabou por adormecer juntamente com D. Manela.

 

-Vamos levantar cambada, está na hora da inspecção, gritava D. Mariquinhas enquanto abanava freneticamente um chocalho de vacas. Chico acordou assarapantado e mais assarapantado ficou quando não viu Anibal que lhe calhara como parceiro de cama.

 

O sargento cumprimentou os jovens com jovialidade e boas maneiras, dizendo: tirem-me essa roupa lesmas de merda. O sargento inspector começou a tomar notas, enquanto um cabo media, pesava, observava. Já a inspecção ia a meio quando no limiar da porta da sala entrou Aníbal Cavaco,trôpego, macilento com os olhos a sair das órbitas, mais zombie que soldado da nação.

 

- Quem é esta aventesma, berrou o capitão espantado, enquanto rodava furiosamente o pingalim.

-Perdão senhor capitão...é que...

-Desembucha, se não ainda te parto este chicote no lombo, campónio armado em chico-esperto.

-é que passei mal a noite, caiu-me mal o rap olho...uma risada bem sonora ecoou por toda a sala, até as persianas tremerem. O capitão não resistiu a tanta hilaridade e a custo balbuciou:

-Despe-te lá, nabo encartado. Pensava que já não havia disto.

 

Os mancebos foram recebendo uma folha que os habilitava como futuros defensores da pátria. Aníbal Cavaco  recebeu a sua folha olhou e leu, em letras vermelhas: INAPTO.

 

Nesse longínquo dia, Aníbal não conseguiu ter a suprema honra de ser soldado português, mas adquiriu uma grande tarimba na arte do f. 

 

MG

 

E para sobremesa:

 

 

 

 

   

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.